Geografia – Nova ordem mundial

Desde 1989, a humanidade começou assistir uma série de eventos que até então eram imagináveis. A queda do Muro de Berlim era impensável, bem como a reunificação da Alemanha Ocidental e da Oriental, em 1990.

O muro que dividia Berlim e a separação da Alemanha, constituíam os principais símbolos da Guerra fria. Apesar da proximidade geográfica, a mesma origem histórica e cultural havia muitas diferenças na Alemanha. De um lado estava a democracia pluripartidária, a hegemonia da propriedade privada e da livre iniciativa, uma sociedade rica, que apresentava altos índices de produtividade. Do outro lado, a ditadura do partido único, a exclusividade da propriedade estatal. O consumo limitado e baixos índices de produtividade. E as diferenças políticas, econômicas e sociais aumentaram cada vez mais. A Alemanha apesar de ser uma só nação, apresentava dói Estados. Era o modelo soviético frente a frente com o modelo norte-americano.

Em 1991 houve o fim de outro símbolo da Guerra Fria, o Pacto de Varsóvia. Representantes que faziam parte deste pacto formalizaram a sua dissolução, em Praga, na então Tcheco-Eslováquia. Era o fim do conflito leste x oeste.

Por fim, em dezembro de 1991, foi selada desagregação geopolítica e territorial da União Soviética. O presidente Boris Yeltsin declarou a independência da Rússia, e após isso, se reuniu com os chefes de Estado da Ucrânia e de Belarus, em Minsk. Nesse encontro foi criada a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), substituindo a ex-União Soviética. Composta por doze países que faziam parte da ex-soviética, a CEI é uma aliança de Estados independentes.

 

Nova ordem multipolar

Hoje no mundo multipolar pós-guerra fria, o poder é medido pela capacidade econômica do país, que envolve disponibilidade de capitais, avanço tecnológico, mão-de-obra qualificada e nível de produtividade. Isso explica a emergência de Japão e Alemanha como potencias, e ao mesmo tempo, a decadência da Rússia. Embora a Rússia seja dona de em poderoso arsenal nuclear, o setor industrial é obsoleto e pouco produtivo, e o país se encontra em crise social, política e econômica.

A China possui uma economia que mais cresce no planeta, isso porque: possui a maior população do mundo, e portanto, um grande mercado consumidor; além de muita mão-de-obra barata, oferecendo facilidades para atração de capitais estrangeiros. Apesar disso também enfrenta sérios problemas internos, principalmente políticos.

Assim, podemos afirmar que os países mais poderosos do mundo hoje são os Estados Unidos, Japão e Alemanha.

Outro aspecto de importância é a tendência da globalização em suas várias facetas, tanto em sentido mundial como regional.

 

Conflito norte x sul

Muitos tem dito com atenção que a nossa ordem mundial é a vitória do capitalismo e da democracia. Alguns argumentavam que o modelo político e econômico estabelecido pelos Estados Unidos se tornaria dominante a tal ponto que não haveria mais conflitos. Que houve uma vitória norte-americana sobre a União Soviética não podemos negar. Mas até mesmo os vencedores apresentam vários problemas econômicos, como por exemplo: elevado déficit público e elevado endividamento interno e externo; isso em parte se deve a corrida armamentista.

Assim não devemos nos apressar ao afirmar que o capitalismo o melhor que o socialismo. É preciso primeiro avaliar: melhor para quem?

É bem claro que o capitalismo é mais dinâmico e competitivo. Não podemos nos esquecer, porem, de que os países subdesenvolvidos, com exceção da Coréia do Norte, Cuba e Vietnã são todos capitalistas. Muitos problemas no mundo, foram criados pelo sistema capitalista, como o aumento da pobreza, desemprego e concentração e estes aumentam em todo mundo.

Um dos problemas mais sérios é a desigualdade social. Este problema vem se agravando até mesmo em países desenvolvidos. Com o aumento da incorporação de novas tecnologias no processo produtivo, a oferta tem diminuído e isso contribui e muito para se empobrecer a população. Também é cada vez maior o buraco que separa os países ricos dos pobres. Esse é o chamado conflito norte x sul, que é de natureza econômica, é não geopolítica, como era o caso do conflito leste x oeste.

Considerando os aspectos socioeconômicos se divide o mundo em países desenvolvidos, Norte, e subdesenvolvidos, ou Sul. Essa não é uma divisão geográfica, mas podemos dizer que na América a linha divisória é a fronteira Estados Unidos – México; a Europa é separada pelo Mediterrâneo; na Ásia, o Japão é o mais desenvolvido, tendo como os tigres Asiáticos como economias emergentes; Oceania a Austrália e a Nova Zelândia se enquadram no clube dos ricos.

Um problema decorrente do conflito entre Norte x Sul é a migração em massa. Milhões de pessoas a cada ano tem emigrado, principalmente para a Europa Ocidental. Isto se deve ao aumento de desemprego, baixos salários, fome, que estão aliados ao crescimento populacional, além de conflitos e guerras nos países subdesenvolvidos.

Tentando solucionar o problema, são feitas cada vez mais exigências para diminuir a entrada de imigrantes e ata mesmo de turistas. Mas isso não tem, e não resolverá o problema, pois esse, é resultante de desigualdade entre o Norte x Sul, a solução definitiva seria complexa e demorada.

Com a instauração de uma nova ordem política e econômica surgem novos problemas, novas tensões. Muitas crises que estão ocultas durante a Guerra Fria vieram a tona. Por isso, quando se fala de uma nova ordem mundial, não quer dizer de um novo mundo em que predomina a paz, a ordem e a estabilidade, mas sim de um  novo arranjo geopolítico e econômico. Com a entrada da “Nova Ordem” (em que a capacidade financeira e a tecnologia define o poder), a instabilidade e a desordem apenas aumentaram.

 

Globalização

O que é a tão chamada Globalização?

Esse atual processo é a expansão capitalista na sua fase mais recente. A globalização está para o atual período científico – tecnológico do capitalismo, assim como o imperialismo esteve para o final da fase industrial e inicio da financeira. É uma expansão que pode dispensar força militar, enfim a guerra. Tanto é que as guerras atuais tem mais um fundo nacionalista do que a econômica. A invasão agora é mais sutil, é chamada high-tech. Uma invasão de mercadorias, capitais, informações e pessoas. As novas armas são a eficiência a agilidade das comunicações e do controle de dados, através dos satélites; da informática; dos telefones fixos e móveis; dos boeings e airbus; dos super navios petroleiros e trens de alta velocidade.

A guerra é travada na bolsa de valores, de mercadorias e de frutos em todas os mercados do mundo. As estratégias são formuladas nas grandes corporações, nas sedes dos grandes bancos, e etc. e influenciam vários países.

A guerra convencional está cada vez mais sem necessidade. É muito mais econômico a guerra contemporânea, tendo como campo de batalha e mercado mundial altamente globalizado.

A invasão atual pode ser feita de modo instantâneo através da Internet, Globex ou Reuters Dealing. A Globex é uma rede que interliga as bolsas de mercadorias e de futuros. Com ela se fazem negócio em todo mundo. A Reuters Dealing interliga as bolsas de valores em todo o mundo, permitindo que milhões de negócios com ações sejam fechados em vários países ao mesmo tempo.

Essas duas redes eletrônicas são controladas pela Reuters, agencia de noticias britânicas que monopoliza as informações financeiras. Para acessa-las, basta se ter um computador, um modem ligado a linha telefônica e acessar a Internet.

Outra invasão atual da globalização é a dos capitais especulativos de curto prazo, conhecida como smart money (dinheiro esperto) ou hot money (dinheiro quente), se movimentou com grande rapidez em busca de mercados que oferecem mais lucratividade. A estimativa é que haja pelo menos três trilhões de dólares vagando pelo sistema financeiro mundial.

Essa volumosa soma de dinheiro vai em busca de um mercado que oferece altas taxas de juros, ou de maior segurança. Em geral essa soma de pertence a milhões de poupadores dos países desconhecidos, que colocam seus fundos num banco ou investem num fundo de pensão. Os administradores desses países se interessam em procurar mercados que se mostram mais rentáveis e seguros, podendo investir em curto prazo. Quando não, são transferidos a outro mundo. E isso é possível graças aos sistemas de telecomunicações, informática e satélites que possibilitam investir em um país que antes o investidor nem ouvira falar.

Esses capitais de curto prazo geralmente vão embora na hora em que mais se precisa. Foi o caso no México, em 1994, quando houve uma crise econômica. Ela aconteceu principalmente por causa da saída desses capitais, diminuindo as reservas mexicanas, provocando desequilíbrios nos cantos externos do país, e a desvalorização da moeda local em relação ao dólar. Problemas políticos juntos com a instabilidade do país, acabou espantando os investidores de curto prazo. O mesmo ocorreu no Brasil em 1999. quando o governo desvalorizou o real, devido a queda das reservas cambiais.

Por isso um país não deve depender dos capitais de curto prazo para equilibrar contas externas.

Com a intensificação dos fluxos comerciais em todo mundo, são facilitados a entrada de mercadorias pela mais variada de transporte. Essa é uma fonte mais antiga da globalização que gera lucros a longo prazo, mas são mais eficientes. Com isso há também, uma globalização de consumo, que é resultado de uma maior produção.

Esses capitais produtivos, são menos suscetíveis a oscilações repentinas no mercado, isso porque são investimentos a longo prazo. A expansão dos mercados para esses capitais é resultante de: custos menores de produção, baixos custos de transportes, proximidades dos mercados consumidores e facilidades em driblar barriras protecionistas; esses fatores contribuem para geração de maiores lucros.

Como resultado de tudo isso entramos ainda mais no processo de mundialização da produção, que começou após a Segunda Guerra Mundial. Houve a expansão dos conglomerados pelo mundo afora, filiais foram montadas até mesmo em países subdesenvolvidos.

Junto com a globalização da produção e do consumo, veio a intensificação do fluxo de viajantes pelo mundo, seja por emigração, negócios ou turismo. Entrelaçando os países em uma mesma forma de consumo, costumes, de comportamento, e etc. Essa nova cultura de massas se origina principalmente nos Estados Unidos. O “modo de viver americano” é bem difundido nos filmes, pelas noticias, pelos fast-foods, etc. Mas hoje também temos fácil acesso a outras formas de cultura de todas as partes do mundo.

A globalização apesar de ser em fenômeno recente, apresenta , como vimos, várias dimensões: social, política, econômica e cultural. Esse fenômeno é, portanto, uma intensificação do fluxo de mercadorias e serviços, capitais, tecnologia e pessoas. Isto é possível graças ao desenvolvimento de novas tecnologias após a Terceira Revolução Industrial.

Desde a década de 70, graças ao chips, tem se conseguido construir computadores cada vez menores e mais rápidos. Com isso, houve um grande desenvolvimento nas produções, nos transportes, comunicações e etc. A revolução da informática facilitou o fluxo de informações em escala mundial. Neste período científico-tecnológico, o capitalismo integrou muitos países em um único sistema. Dizemos isso, porque em séculos passados uma civilização muitas vezes nem sabia da existência da outra.

De lá para cá, está surgindo uma mundo quase totalmente integrado – um sistema mundo – que evidentemente está controlado a partir de alguns centros de poder econômicos e políticos.

Outra fase da globalização é que envolve o mundo de uma forma bastante desigual, pois tem lugares que estão mais integrados que outros. Aprofundar-se a integração de blocos econômicos buscando retirar barreiras que dificultam o fluxo de mercadorias, e se estabelecem acordos que resultam em mercados comuns, ou zonas de livre comércio.

 

Exercício

Marque a resposta certa.

1) A queda do Muro de Berlim, e a reunificação da Alemanha, foram fatores marcantes para a chegada da (o):

a) Velha ordem

b) Nova ordem multipolar

c) Conflito leste x oeste

d) Guerra fria

 

2) Podemos dizer que não foi uma conseqüência da nova ordem a (o):

a) Globalização

b) Migração

c) Igualdade social

d) Expansão dos conglomerados
3) O que é globalização?

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4) O que quer dizer “conflito norte x sul”?

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5) Cite um problema decorrente do conflito norte x sul?

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6) Cite uma conseqüência de o mundo estar altamente interligado?

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Gabarito

1) b

2) c

3) É a expansão capitalista na sua fae mais recente. É uma expansão que visa aumentar os mercados, e os lucros. Tornando o mundo num único sistema integrado.

4) É um conflito de origem econômica. Os países ricos cada vez mais se distanciam dos países pobres. Essa desigualdade levou a divisão dos países do Norte, os desenvolvidos, e os do Sul, subdesenvolvidos.

5) A migração em massa. Milhões de pessoas saem de seu país de origem em busca de uma melhor condição de vidas nos países mais ricos. O aumento do desemprego, fome e guerras são alguns fatores que motivam essa mudança.

6) os países acabaram se entrelaçando em uma mesma forma de consumo, costumes, etc. Sofrendo principalmente influencia dos Estados Unidos.

Fonte: http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/arlindojunior/geografia007.asp

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