Até 2028, imersão digital e IA vão reformular hierarquias e rotinas no trabalho, projeta Gartner

A inteligência artificial (IA) terá um papel central nas organizações a partir de 2025, prevê Gartner. Segundo a consultoria, até 2026, cerca de 20% das empresas utilizarão IA para reestruturar suas hierarquias, o que pode resultar na eliminação de mais da metade das posições de gerência média. Essa transformação destaca a crescente influência da IA no mundo corporativo, sobretudo para reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência através da automação de tarefas.
No entanto, de acordo com o Gartner, a implementação da IA trará desafios como a preocupação dos trabalhadores com a segurança no emprego, a sobrecarga dos gerentes com um número maior de subordinados e a resistência dos funcionários em adotar interações com a IA. A consultoria destaca, ainda, que as trilhas de aprendizado e mentoria podem ser prejudicadas, o que impactaria negativamente o desenvolvimento de trabalhadores mais jovens.
Além das transformações estruturais, a imersão digital está prevista para afetar cerca de um bilhão de pessoas até 2028, com o Gartner apontando que esse vício digital pode resultar em quedas na produtividade e um aumento nos casos de distúrbios mentais. Para enfrentar esses desafios, muitas organizações devem implementar políticas anti-digitais, com 70% delas adotando medidas para promover períodos de detox digital entre seus funcionários.
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“Os efeitos isoladores da imersão digital levarão a uma força de trabalho desarticulada, causando uma queda significativa na produtividade”, disse Daryl Plummer, Vice-Presidente Analista Distinto, Chefe de Pesquisa e Gartner Fellow. “As empresas devem tornar períodos de desintoxicação digital obrigatórios para seus funcionários, proibindo a comunicação fora do expediente e retornando a ferramentas analógicas, como reuniões sem tela e sextas-feiras sem e-mails”.
As previsões também indicam que, até 2029, 10% dos conselhos globais utilizarão insights gerados por IA para contestar decisões executivas significativas. Essa abordagem visa garantir uma governança mais robusta, permitindo que os membros do conselho questionem decisões que poderiam ser unilaterais e pouco defensáveis.
“No início, os insights da IA parecerão um relatório minoritário que não reflete a opinião da maioria dos membros do conselho”, disse Plummer. “No entanto, à medida que se provarem eficazes, ganharão aceitação entre os executivos em busca de suporte para decisões que melhorem os resultados empresariais”.
Outro aspecto destacado é o uso da IA para monitorar e manipular o comportamento dos funcionários. Até 2028, espera-se que 40% das grandes empresas apliquem essa tecnologia para avaliar o humor e as interações no ambiente de trabalho, buscando criar um ambiente mais engajado e motivado. No entanto, “os funcionários podem sentir que sua autonomia e privacidade estão comprometidas, levando à insatisfação e à perda de confiança”, destaca Plummer. Para mitigar o impacto, Plummer sugere que as organizações equilibrem “ganhos de eficiência com cuidado genuíno para evitar danos a longo prazo à moral e lealdade”.
Até 2027, o Gartner prevê que 70% dos novos contratos de trabalho incluirão cláusulas de licenciamento e uso justo para representações de IA das personas dos funcionários. Como os modelos de linguagem de grande porte (LLMs) não têm uma data de término definida, os dados pessoais capturados por esses sistemas corporativos continuarão integrados aos modelos mesmo após o desligamento dos empregados. As cláusulas de uso justo serão adotadas pelas empresas como proteção contra litígios imediatos, mas tendem a ser vistas de forma controversa, com potencial para processos judiciais.
No setor de saúde, a inclusão de termos relacionados à IA emocional em contratos de tecnologia deve ser uma realidade para 70% dos prestadores de saúde até 2027. Essa medida visa aliviar a carga de trabalho dos profissionais e mitigar a crise de empatia que afeta muitos trabalhadores nesse campo.
As previsões também indicam que, até 2028, 25% das violações de segurança nas empresas serão atribuídas a abusos de agentes de IA, exigindo que as organizações implementem novas soluções de segurança. Além disso, é esperado que 40% dos CIOs exijam a implementação de “Agentes Guardiões” para supervisionar as ações dos agentes de IA, assegurando uma gestão mais cuidadosa e responsável dessa tecnologia em expansão.
“As empresas não podem esperar para implementar controles de mitigação para ameaças de agentes de IA”, disse Plummer. “É muito mais fácil incorporar mitigação de riscos e segurança em produtos do que adicioná-los após uma violação”.
Até 2028, 30% das empresas do S&P usarão rótulos de IA generativa, como “xxGPT”, para reposicionar suas marcas e explorar novas fontes de receita, aproveitando a IA para lançar produtos mais rapidamente e melhorar a experiência do cliente. Paralelamente, até 2027, as empresas da Fortune 500 deverão redirecionar US$ 500 bilhões de despesas energéticas para microgrids, sistemas de energia independentes que oferecem maior segurança energética e competitividade, atendendo à crescente demanda por IA e reduzindo custos a longo prazo.
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