3 empresas de tecnologia com iniciativas bem-sucedidas de inclusão feminina

O setor de TI enfrenta um problema estrutural de inclusão feminina, principalmente em cargos técnicos. Dados dos estudos Antes da TI, a Estratégia, e Diagnóstico comportamental do profissional de TI, ambos da IT Mídiamostram que o número de profissionais de TI que se declaram do sexo feminino nas empresas não passa de 12%, enquanto em cargos de liderança o número é ainda pior – 10%.

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Se o cenário geral é de desolação, é possível identificar bons exemplos vindos do mercado, com números substanciais apresentados. O que há de comum entre eles é a seriedade com que se leva a questão da inclusão feminina, e que leva inclusive ao envolvimento das cúpulas das companhias.

O IT Forum separou, logo abaixo, três – mas não únicos – exemplos de caminhos a serem seguidos.

Arquivei

Na Arquivei, startup que fornece uma plataforma de gerenciamento de documentos fiscais, 37,5% do corpo de diretores (ou C-levels) são mulheres, percentual acima da média de mercado. No quadro total de funcionários, 44% são mulheres, sendo 45,5% em posições de liderança – coordenação, gerência e diretoria. No total são 370 colaboradores.

Isis Abbud, Arquivei. Foto: Divulgação

Isis Abud. Foto: Divulgação

“Valorizamos pessoas que buscam fazer a diferença e sabemos que isso independe de crença, gênero, orientação sexual, cor de pele, ou classe social. Essa premissa é intrínseca à nossa cultura e isso faz com que todos vislumbrem as mesmas oportunidades de carreira”, explica Renata Baccarat, Chief Human Resources Officer (CHRO) da Arquivei.

A empresa é liderada pela engenheira de produção Isis Abbud, co-founder e co-CEO da empresa desde 2022. A executiva é responsável pessoalmente pelo VOA, programa de capacitação de jovens mulheres em tecnologia, comunicação e liderança. O programa começou em 2022 e capacitou meninas entre 14 e 17 anos que cursam o Ensino Médio em escolas públicas de São Carlos (SP).

área de Customer Success da Arquivei é que tem proporcionalmente o maior time feminino: 73%. Na sequência vem a área de Pessoas & Cultura e Vendas, com 67% cada.

Gupy

A Gupy, empresa fornecedora da conhecida plataforma de seleção para recursos humanos, anunciou essa semana que são 53% as mulheres em todos os níveis hierárquicos da empresa – muito embora a área de tecnologia seja formada em apenas 25% por mulheres. No entanto a liderança da área de tecnologia é composta por 52,9% de mulheres, e a área de produto possui a maior representatividade feminina: 75%.

Turah Xavier, Gupy

Turah Xavier. Foto: Divulgação

Outro dado destacado pela empresa é de funcionárias mulheres com interseccionalidade (negras, LGBTs ou com deficiência), que alcançou a marca de 35%, superando a meta de 30%. Segundo a empresa, os resultados se devem ao Manifesto de Diversidade, lançado em 2021, que estabelece compromissos de diversidade para a empresa até 2024.

Segundo a Gupy, o fato da empresa ser fundada por duas empreendedoras (de um total de quatro fundadores) traz um reflexo positivo em suas operações. Turah Xavier, CTO da Gupy, diz que a diversidade faz parte das metas da diretoria e são cascateadas para todas as áreas: “Além de incluir em nosso Manifesto de Diversidade uma meta em relação à representatividade feminina no time, também fizemos o mesmo especificamente para o time de tecnologia, o que é um dos nossos maiores desafios atualmente”, diz.

RD Station

Outra empresa que superou metas de inclusão feminina foi a RD Station, atualmente controlada pela Totvs. A empresa anunciou um compromisso de aumentar para 30% a participação feminina no time interno de engenharia até 2023, e terminou 2022 com 21% – mas celebrou já em março desse ano a marca de 30% de mulheres em engenharia e 34,6% na liderança de tecnologia.

gabriela baptista, rd stationGabriela Baptista. Foto: Reprodução/LinkedIn

Segundo a empresa, o tema se tornou pauta recorrente e exigiu planejamento e esforço contínuo, inclusive com programas de formação para desenvolvedoras em início de carreira, vagas afirmativas e envolvimento direto da alta liderança. 

“Desde 2016 começamos a ter um olhar ainda mais atento para o tema com a criação do grupo das Tech Ladies, e com isso aumentamos em mais de sete vezes a participação de mulheres nesta área. E, embora sejam crescimento expressivos, sabemos que ainda precisamos avançar e percorrer um longo caminho para que de fato exista uma equidade”, diz Bruno Ghisi, CTO e co-founder da RD Station

Uma das ações desenvolvidas para alcançar o resultado foi garantir que no mínimo 50% das vagas destinadas às áreas de tecnologia fossem preenchidas por mulheres.

“Em nosso dia a dia, garantimos que conversas sobre carreira de mulheres do time de engenharia e produto estão acontecendo de forma estruturada para que se desenvolvam e tenham evoluções nas áreas, passando a ocupar camadas elevadas de gestão e tomadas de decisão na RD”, diz Gabriela Baptista, líder de diversidade e inclusão da RD. “Estamos sempre em busca de oferecer as melhores oportunidades e ampliar a nossa diversidade. Não é tarefa simples, mas também não é algo que fazemos apenas uma vez ao ano, é um trabalho constante de observação interna e externa para entender quais os melhores passos.”