4 desafios da captura direta de carbono para metas climáticas

Vista aérea da floresta Amazônica, destacando a densidade de árvores verdes e a presença de névoa suave entre a vegetação. A imagem transmite a grandiosidade e a biodiversidade da maior floresta tropical do mundo (Meta, carbono, floresta, emissões, reflorestamento, amazônia, ics)

Desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015, 195 nações, incluindo a União Europeia, comprometeram-se a limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. Contudo, em 2023, a temperatura excedeu essa meta, indicando a necessidade de reduzir os gases de efeito estufa na atmosfera.

Entre as estratégias para estabilizar o clima, está a captura direta de carbono (DAC, na sigla em inglês), tecnologia que remove o CO2 do ar. Um estudo recente da MIT Energy Initiative (MITEI), publicado na MIT Business Review, revelou que muitos planos baseados no DAC são excessivamente otimistas, colocando em dúvida seu papel como solução definitiva.

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DAC: promessa e realidade

O DAC é promissor, e muito trabalho tem sido feito para seu desenvolvimento. Empresas e indivíduos podem comprar créditos de carbono baseados em DAC para compensar emissões difíceis de reduzir.

Howard Herzog, engenheiro sênior do MITEI, destaca que a medição e verificação do CO2 removido via DAC são mais precisas do que plantar florestas, além de o armazenamento geológico garantir que o CO2 permaneça fora da atmosfera de forma quase permanente.

Entretanto, a equipe do MITEI identificou três desafios fundamentais que levam a um quarto: os altos custos da remoção do CO2.

Desafio 1: escalonamento

Capturar CO2 diretamente do ar é uma tarefa complexa. A concentração de CO2 no ar é baixa, cerca de 420 partes por milhão, o que requer processar grandes volumes de ar para remover uma única tonelada de CO2. Modelos recentes projetam a remoção de 5 a 40 gigatoneladas de CO2 por ano, mas o estudo do MIT conclui que a implantação em escala gigatonelada é extremamente incerta.

Desafio 2: requisito energético

Os processos de DAC propostos hoje consomem grandes quantidades de energia, em grande parte fornecida por eletricidade e calor. Para remover uma tonelada de CO2, são necessárias 1,2 megawatts-hora de eletricidade. Se essa energia vier de fontes não-renováveis, o resultado pode ser um aumento líquido das emissões. A energia usada no DAC deve, portanto, ser de fontes limpas, mas isso cria competição com outros usos essenciais para a eletricidade de baixo carbono, como transporte e geração de energia.

Desafio 3: localização das unidades

Embora o CO2 esteja presente no ar em todos os lugares, a instalação de plantas de DAC envolve questões logísticas e energéticas. As plantas necessitam de grandes quantidades de energia de baixo carbono e de locais para armazenar o CO2 capturado. Isso implica construir infraestrutura complexa, o que envolve custos elevados, desafios regulatórios e considerações de justiça ambiental.

Desafio 4: custo

Os custos para remover uma tonelada de CO2 do ar são elevados. Estudos recentes sugerem valores de US$ 100 a US$ 200 por tonelada, mas as estimativas do MIT indicam que esses valores são muito baixos. A maior planta de DAC em operação hoje remove apenas 4.000 toneladas de CO2 por ano, ao custo de US$ 1.500 por tonelada. O estudo também menciona que os custos com energia e armazenamento não são totalmente contabilizados nas estimativas otimistas.

Futuro do DAC

Apesar dos desafios, a equipe do MIT recomenda continuar investindo em DAC, pois ele pode ser essencial para atingir metas de emissões líquidas zero, dada a urgência da crise climática. No entanto, eles alertam que confiar no DAC como solução única é arriscado. Como concluem: “Dada a gravidade das mudanças climáticas, é imprudente contar com o DAC como o herói que virá nos salvar”.

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