5 desafios da parentalidade consciente e como superá-los

No Dia Mundial da Infância, em 21 de março, é fundamental discutir abordagens educativas que promovam um crescimento harmonioso e respeitoso para as novas gerações. Entre essas abordagens, a parentalidade consciente se destaca por incentivar a compreensão das emoções e necessidades infantis.

A cientista comportamental Mikaela Övén é uma das principais referências no tema e, em seu livro Educar com Mindfulness, recém-lançado no Brasil pela Principis, compartilha estratégias baseadas na prática da atenção plena para ajudar pais e cuidadores a adotarem essa filosofia com mais empatia e consciência.

“Dar atenção para cada emoção e desejo da criança pode parecer exaustivo, mas pequenas mudanças diárias já criam um ambiente mais harmonioso e fortalecem o vínculo entre pais e filhos”, explica Mikaela Övén. “Educar com mindfulness é um exercício contínuo de conexão e aprendizado mútuo”, completa.

Para ajudar pais e tutores a colocarem a abordagem em prática, ela lista os 5 principais desafios da parentalidade consciente e como superá-los com a prática de atenção. Confira!

1. Ansiedade nas crianças

A ansiedade infantil pode se manifestar de diversas formas, desde irritabilidade até dificuldades para dormir. O primeiro passo, segundo Mikaela Övén, é avaliar se a ansiedade da criança pode estar refletindo a dos pais. Afinal, ninguém está imune aos estresses cotidianos – o importante é saber expressá-los de forma saudável. 

Além disso, criar um espaço seguro para a criança comunicar seus medos sem rótulos ou julgamentos é fundamental. A escuta atenta e o incentivo à conexão emocional fortalecem a autoestima e ajudam a reduzir a ansiedade.

2. Agressividade infantil

Antes reprimida ou ignorada, a agressividade deve ser compreendida. A especialista explica que, muitas vezes, esses comportamentos surgem da falta de conexão ou do sentimento de exclusão. Demonstrar limites claros e, ao mesmo tempo, garantir um ambiente seguro e afetuoso é essencial para transformar a agressividade em aprendizado. A primeira resposta não deve ser punição, mas a oferta de alternativas saudáveis para a criança expressar sua frustração.

Os adultos devem garantir que cada criança se sinta ouvida, incentivando-as a expressar suas emoções Imagem: Inna_Kandybka | Shutterstock

3. Conflitos entre irmãos

Brigas entre irmãos são inevitáveis, mas não precisam ser encaradas como algo negativo. A especialista sugere que os pais enxerguem esses momentos como oportunidades de aprendizado, ajudando os filhos a desenvolverem habilidades de resolução de conflitos. Em vez de tomar partido, os adultos devem garantir que cada criança se sinta ouvida, incentivando-as a expressar suas emoções e buscar soluções de forma independente e justa para ambas as partes.

4. Preferências alimentares

Cada criança tem seu próprio ritmo e preferências alimentares. O momento da refeição não pode ser transformado em motivo de disputa, Mikaela Övén recomenda que os pais confiem no instinto dos filhos. Oferecer opções saudáveis sempre é essencial, mas incentivar que a criança assuma a responsabilidade sobre o que e quanto comer permite que ela crie uma relação equilibrada com a alimentação desde cedo. Menos pressão significa menos resistência.

5. Horários de acordar e dormir

A qualidade do sono está diretamente ligada ao ambiente familiar. Se a criança tem dificuldade para dormir sozinha ou resiste à rotina noturna, a chave é estabelecer um processo gradual e consistente. Pais devem comunicar claramente suas intenções e oferecer suporte emocional, sem recorrer a castigos ou recompensas externas. Criar um ambiente tranquilo e previsível contribui para um sono mais saudável.

Por Ana Paula Gonçalves