No Brasil, 61% temem ter habilidades defasadas por conta da tecnologia

No Brasil (61%) e na China (60%), a maioria das pessoas acredita que algumas ou todas as suas habilidades atuais podem se tornar obsoletas. Ao serem questionados sobre quais tendências globais poderiam fazer isso nos próximos cinco anos, os entrevistados destacaram a mudança tecnológica como principal preocupação.
O tópico superou temas como globalização, mudanças climáticas e transformações demográficas. Os dados fazem parte de um relatório da Global Labor Market Conference (GLMC) divulgado essa semana, que revelou que o avanço acelerado da tecnologia está gerando preocupações nas principais economias globais.
O relatório da GLMC foi feito em colaboração com o Banco Mundial e Organização Internacional do Trabalho. O estudo diz que os trabalhadores estão demandando oportunidades de requalificação para enfrentar as transformações atuais, especialmente em mercados marcados de digitalização acelerada.
Foram ouvidas milhares de pessoas em 14 países. Nos EUA (51%), Índia (55%), Espanha (54%), Arábia Saudita (56%), África do Sul (57%) e Nigéria (59%), mais da metade compartilha da preocupação de brasileiros e chineses. No Reino Unido (44%) e Japão (33%), a proporção é menor.
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Não por acaso, em países onde a tecnologia é uma força mais recente, como Vietnã (81%), Nigéria (70%) e China (70%), os participantes mostraram maior probabilidade de procurar novas habilidades para preencher a lacuna entre a capacidades atuais e o mercado em transformação. Em países onde a tecnologia é mais antiga no mercado de trabalho, como EUA (50%), Austrália (44%) e Reino Unido (42%), parece haver menos urgência.
A pesquisa indica que em países onde houve uma rápida mudança tecnológica nos últimos cinco anos, os entrevistados estavam mais inclinados a adquirir novas habilidades. No caso do Brasil, a pesquisa aponta que trabalhadores priorizam melhorar habilidades como forma de aumentar a renda, em contraste com outras regiões que focam em resiliência às mudanças.
Desafios de qualificação
A pesquisa revelou que 44% dos trabalhadores acreditam que a responsabilidade pelo aprimoramento de suas qualificações no mercado de trabalho é pessoal, destacando uma cultura de autoaperfeiçoamento. No entanto, os autores do relatório alertam que a interação complexa entre prioridades de governos, empresas e sindicatos, além de sistemas de educação e treinamento desatualizados, pode estar dificultando a capacidade de muitos trabalhadores ao redor do mundo de obter qualificações.
Além disso, apesar de mais de 60% dos entrevistados relatarem que os empregadores optaram por requalificar os funcionários, mais de 40% identificaram falta de tempo como barreira, porcentagem que se repete no recorte brasileiro, seguida de perto por restrições financeiras (39%). Para 19% dos entrevistados, o sistema educacional atual está fora de sintonia com o novo contexto de habilidades.
Confiança baixa nos governos
Os entrevistados demonstram uma confiança significativamente maior nas empresas (49%) para apoiar os esforços de qualificação e requalificação, em comparação com os governos (20%), ONGs ou organizações comunitárias (19%) e sindicatos (12%). Isso indica que os trabalhadores esperam que os empregadores tenham um papel mais proativo no desenvolvimento do capital humano e na capacitação da força de trabalho.
Somente na Arábia Saudita (35%) e na Índia (31%) o governo possui uma parcela significativa de confiança para apoiar os esforços de qualificação e requalificação. A confiança no governo é consideravelmente menor na maioria dos outros mercados, incluindo os Estados Unidos (15%), Reino Unido (12%) e Noruega (9%) – esse último o país em que os sindicatos recebem maior voto de confiança (31%).
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