7 dicas para obter os benefícios do café para a saúde

Em 14 de abril é comemorado o Dia Mundial do Café. No Brasil, parece sempre haver um motivo para tomar aquele cafezinho. O brasileiro consome, em média, 1.430 xícaras/ano. O país é o segundo maior consumidor de café do mundo, em sacas, atrás somente dos Estados Unidos. Mas é o primeiro per capita, com 5,01 kg/hab. por ano, de café torrado e moído, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).
Mesmo com oscilações dos preços, os consumidores estão cada vez mais exigentes e buscam diferentes nuances e perfis de sabor. É um fenômeno cultural global, que une pessoas em qualquer hora do dia ou lugar: do balcão dos botecos às requintadas cafeterias.
Além de ser um agregador social nos encontros entre amigos e familiares, esta paixão pela bebida traz outros benefícios: o café faz bem para a saúde, graças às suas propriedades nutracêuticas, eficazes para melhorar a atenção, a concentração, a memória e o aprendizado.
Ação estimulante do café
O Prof. Dr. Durval Ribas Filho, nutrólogo, fellow da The Obesity Society – TOS (USA), presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e docente da pós-graduação do Curso Nacional de Nutrologia (CNNUTRO), lembra, porém, que os cafés não são todos iguais. A composição de cada tipo depende da maneira como a planta foi cultivada, das alterações durante o processo de fabricação e até mesmo do modo como a bebida é preparada e servida.
“Reconhecida por contribuir com várias funções do nosso organismo, a cafeína — principal substância do café — não é 100% inofensiva. É um estimulante do sistema nervoso central, que pode interferir no funcionamento do cérebro e do resto do nosso corpo, de forma positiva ou negativa, dependendo da dose ingerida”, explica o especialista.
Segundo o médico, a vontade constante de beber café está mais ligada ao psicológico do que biológico. “Ao se associar a bebida à maior disposição e energia, em um momento de estresse, por exemplo. A rápida absorção da cafeína é o que traz esta sensação de bem-estar, e o não consumo, de abstinência, pois o ‘vício em café’ não é uma condição reconhecida cientificamente”, afirma.
Além disso, é possível consumir cafeína em outros alimentos. “A cafeína não está apenas na xícara de café, mas na composição de outros alimentos, como refrigerantes tipo cola, bebidas energéticas, chás (verde, mate e preto), chocolate, suplementos alimentares para treino e até remédios”, acrescenta o Prof. Dr. Durval Ribas Filho.
Benefícios do café para a saúde
Abaixo, o Prof. Dr. Durval Ribas Filho lista alguns dos benefícios do café para a saúde. Confira!
1. Proteção dos antioxidantes
Além da cafeína, o café é rico em antioxidantes, substâncias químicas que ajudam a proteger as células. São minerais, vitaminas e flavonoides, importantes na circulação sanguínea. Por isso, o consumo moderado pode estar associado a um menor risco de doenças cardiovasculares.
2. Melhora o cérebro e reduz risco de depressão
O consumo de café auxilia o cérebro na liberação de estimulantes naturais, como a adrenalina, hormônio relacionado com a disposição e a euforia, e a dopamina, conhecida como o “hormônio da felicidade”, associada à motivação.
Há uma melhora na função cerebral com o aumento da concentração, da memória e do foco, essenciais no trabalho e nas atividades do dia a dia. Juntos, os antioxidantes e compostos bioativos da bebida podem reduzir as chances de doenças neurodegenerativas.
3. Traz energia, menos fadiga e melhora performance
Dentre as evidências científicas sobre os efeitos fisiológicos do café, o ganho de energia extra é o mais conhecido. Esse aumento na disposição é graças à cafeína, alcaloide estimulante do sistema nervoso central, que ajuda a combater a fadiga, após um dia exaustivo de estudos ou trabalho, e contribui para aumentar a resistência e desempenho nos exercícios físicos.

Consumindo o café adequadamente
Para obter os benefícios do café para a saúde, é importante consumi-lo adequadamente. A seguir, o Prof. Dr. Durval Ribas Filho explica como inserir a bebida na rotina adequadamente!
1. Excesso pode fazer mal
O excesso de cafeína pode favorecer um estado de alerta, com um aumento da concentração, atenção e até euforia, desencadear irritação, ansiedade, nervosismo, agitação e arritmias, além de afetar o sono, levando a crises de insônia, prejudiciais à qualidade de vida e à regulação do metabolismo.
Em casos mais graves e raros pode se chegar a uma overdose de cafeína com aceleração cardíaca, tonturas, descontrole muscular e dificuldade para respirar. Mas os efeitos não são iguais para todas as pessoas. Idade, peso e a própria capacidade do fígado de digerir a cafeína interferem na sua ação.
2. A dose certa
A tolerância à cafeína é variável conforme idade, altura, peso e hábitos do consumo diário da bebida. É importante não contabilizar apenas a cafeína do café, mas também a cafeína presente em outros alimentos. Para um adulto saudável, com cerca de 70 kg, a European Food Safety Authority recomenda um consumo diário de 300 a 400 mg de cafeína, o equivalente a 4 xícaras de café coado.
3. Prefira sem açúcar
O ideal é o consumo sem açúcar, mas é uma questão de hábito e muitas pessoas não conseguem ingerir desta forma. A não adição de açúcar no café tem sido associada a um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2, pois, tanto a cafeína como os outros compostos bioativos, podem auxiliar na melhora da sensibilidade à insulina e no controle dos níveis de açúcar no sangue.
4. O horário ideal para o consumo
O ideal é tomar café até o meio da tarde. O recomendado é consumir duas horas antes ou depois das principais refeições. Para algumas pessoas, a cafeína pode interferir no sono e prejudicar a atenção e a concentração no dia seguinte.
Mas também dependerá do tipo de café: se é feito com grãos com maior ou menor teor de cafeína, e se é expresso ou coado. A bebida também contém substâncias que podem atrapalhar a absorção de certos nutrientes, como dificultar a absorção de ferro presente nas carnes, vegetais e feijões e do cálcio do leite.
5. O melhor tipo de café
O café expresso tem o triplo de cafeína que o coado. Enquanto apenas 30 ml de café expresso tem 60 mg de cafeína, 125 ml (meia xícara) de coado tem 85 mg. Já o descafeinado passa por várias etapas no processo industrial para eliminar a cafeína e se tornar uma opção para quem gosta de café, mas não pode ingerir a substância.
6. Café amanhecido faz mal
O café amanhecido não faz mal, mas o ideal é não o consumir 30 minutos após o preparo. Além da alteração no paladar e aroma, ocorre o início de um processo de oxidação, gerando a degradação das substâncias da bebida, o que pode causar náuseas e até problemas gastrointestinais.
7. Quem não pode tomar café
A bebida não é recomendada para gestantes, mulheres que estão amamentando, pessoas com distúrbio de sono, indivíduos que sofrem com crises de ansiedade e pânico, menores de 12 anos e pessoas com refluxo. Portadores de problemas cardíacos ou glaucoma devem evitar, ou consumir com orientação médica. Mesmo em indivíduos saudáveis, o excesso pode gerar ansiedade, insônia, tremores e palpitações cardíacas.
Por Edna Vairoletti