Um mês turbulento na OpenAI: trocas de cadeiras, bilhões em jogo e o futuro da IA
Nos últimos meses, a OpenAI — criadora do ChatGPT e uma das empresas mais valiosas do setor de inteligência artificial — viveu dias agitados. Em um intervalo de semanas, a companhia anunciou avanços tecnológicos, captações bilionárias, saídas inesperadas de líderes e um rearranjo interno que tem levantado dúvidas sobre seu futuro. A sucessão de acontecimentos revela, mais do que a força da empresa, as incertezas de uma indústria ainda em construção.
Setembro começa com concorrência e novas frentes
No início de setembro, dois movimentos sacudiram o tabuleiro do mercado de IA. A Anthropic, rival direta da OpenAI, lançou o Claude Enterprise, uma solução de inteligência artificial voltada para o mercado corporativo. O nome, inspirado no filósofo Claude Shannon, reforça a ambição da empresa: rivalizar diretamente com as ferramentas empresariais da OpenAI. No mesmo dia, foi anunciado o surgimento da Safe Superintelligence (SSI), uma startup fundada por ex-líderes da OpenAI, que conseguiu levantar US$ 1 bilhão em seus primeiros três meses. A SSI, com um nome que soa quase como uma advertência, prometeu focar na segurança da IA, tema caro aos críticos das grandes empresas do setor.
Enquanto as peças se mexiam fora da OpenAI, a empresa lançava, em 12 de setembro, seu novo modelo, o o1, com capacidades de “raciocínio”. O anúncio teve repercussão menor do que o esperado, ofuscado por uma sequência de eventos internos que tomariam conta das manchetes nos dias seguintes.
Estrutura e governança em xeque
Em 16 de setembro, Sam Altman, CEO da companhia, decidiu se afastar do comitê de segurança da companhia. O comitê havia sido criado para supervisionar as operações da empresa e evitar que suas inovações tecnológicas saíssem do controle.
Segundo a OpenAI, o comitê continuará a existir como um órgão de supervisão separado do Conselho, conforme detalhado em uma postagem oficial da empresa. “O Comitê de Segurança e Proteção se tornará um comitê de supervisão independente do Conselho focado em segurança e proteção”, disse a OpenAI em seu blog.
Apesar dessa declaração, críticos apontam que a composição do comitê ainda inclui membros diretamente conectados à liderança da OpenAI, como Zico Kolter, professor da Carnegie Mellon, Adam D’Angelo, CEO do Quora, e Nicole Seligman, ex-executiva da Sony. Especialistas acreditam que essa proximidade pode dificultar a independência necessária para a função de fiscalização.
Na mesma semana, surgiram rumores sobre a nova avaliação de mercado da OpenAI, que estaria sendo reestruturada para atingir a cifra de diversos bilhões. Mas a notícia veio acompanhada de uma condição: a empresa precisaria passar por uma série de transformações estruturais, que já começavam a se desenhar.
Outubro de bilhões e migrações
No início de outubro, mais um nome relevante da OpenAI migrou para a concorrente Anthropic. Durk Kingma, cofundador da OpenAI, foi contratado pela empresa de IA ética, em mais um movimento que reforça a força da Anthropic no setor e seu posicionamento crítico em relação ao modelo de desenvolvimento acelerado da OpenAI. Kingma anunciou sua nova posição pelas redes sociais, pontuando seu compromisso com uma IA mais responsável — uma narrativa que se consolida entre os que deixam a OpenAI.
No mesmo dia, a empresa anunciou uma rodada de captação de US$ 6,6 bilhões, fortalecendo sua posição de liderança no setor, mas não sem deixar de levantar questionamentos sobre como o capital será gerido diante das recentes perdas em sua liderança.
O futuro incerto de uma gigante
O último mês mostrou que o caminho da OpenAI está longe de ser linear. Entre saídas estratégicas, captações bilionárias e avanços tecnológicos, a empresa caminha em um terreno que mistura otimismo com apreensão. A saída de seus principais líderes e a migração de mentes brilhantes para a concorrência deixam em aberto o que acontecerá nos próximos capítulos dessa disputa por inteligência, capital e poder.
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