IA na medicina: 39% dos radiologistas usam, mas médicos temem riscos do autodiagnóstico

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Um estudo recente feita pelo Medscape com 1.279 médicos brasileiros de diversas especialidades revelou que a área que mais se beneficia da inteligência artificial é a radiologia e o diagnóstico por imagem. Segundo 39% dos médicos, o uso da IA facilita a análise de exames e reduz erros.

Em segundo e terceiro lugar estão a clínica médica (8%) e a oncologia (6%), que estão incorporando IA especialmente para tratamentos específicos e diagnósticos mais precisos.

Entre os profissionais que atuam em consultório, 54% disseram ter um baixo nível de conhecimento sobre IA, enquanto 52% dos que trabalham em hospital reconheceram um entendimento limitado do tema. Apesar disso, 59% afirmaram que consideram muito relevante aprender sobre a tecnologia.

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Embora a IA seja vista como ferramenta poderosa, o levantamento revelou preocupações sobre o autodiagnóstico. Cerca de 83% dos médicos acreditam que há uma alta probabilidade de que os pacientes recebam informações incorretas ao usarem a IA com essa finalidade. Desses, 53% acham “provável” e 30% consideram “muito provável” que equívocos ocorram.

“Essa percepção reflete um receio de que a inteligência artificial, sem a devida supervisão humana, possa induzir pacientes ao erro e comprometer a qualidade dos cuidados”, diz Leoleli Schwartz, editora sênior do Medscape em português.

O estudo também indica um receio de que os humanos deem confiança demais para as respostas geradas pela IA. 45% dos médicos se dizem “muito preocupados”, temendo que os pacientes possam dar mais valor às recomendações da tecnologia do que à experiência médica tradicional.

Negligência médica

Outra preocupação apontada pela pesquisa é o potencial da IA em reduzir ou aumentar o risco de negligência médica. A maioria dos médicos (52%) acredita que a IA pode, de fato, diminuir o risco de erros clínicos. No entanto, 34% expressaram preocupação de que o uso inadequado da IA aumente esses riscos, especialmente em mãos de profissionais mal preparados.

O levantamento também destaca um otimismo cauteloso entre os médicos brasileiros quanto ao futuro da IA na medicina. Entre os entrevistados, 65% afirmaram estar “entusiasmados” ou “muito entusiasmados”. Contudo, 35% disseram sentir apreensão, com uma leve diferença entre as gerações: 67% dos médicos mais jovens expressaram entusiasmo em comparação a 65% dos médicos mais velhos.

Além disso, a maioria reconhece o valor da IA em áreas administrativas e diagnósticas, mas há uma resistência considerável quando se trata de interação direta com os pacientes. Para garantir que a IA seja uma aliada na prática médica, 80% dos médicos com menos de 45 anos apoiam a supervisão por agências públicas e associações médicas, enquanto 67% dos médicos mais velhos compartilham dessa visão.

A pesquisa foi realizada com 1.279 médicos residentes no Medscape em português, entre 12 de janeiro e 3 de março de 2024, com 64% homens e 35% mulheres. O estudo completo pode ser encontrado nesse link.

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