A seleção brasileira de 1982 faz parte da memória afetiva da torcida e subverte a cultura esportiva nacional

A Copa de 1982 para a torcida brasileira é marcante e emblemática. Depois de 12 anos da conquista do tricampeonato, em 1970, pela primeira vez a seleção voltou a encantar o planeta com o futebol arte. De certa maneira, a equipe comandada por Telê Santana subverte a perversa cultura esportiva nacional. O grupo que perdeu o Mundial, disputado na Espanha, é, muitas vezes, mais reverenciado daqueles que foram campeões. 

Quem gosta de futebol e viveu as emoções da Copa de 1982 concorda que a seleção daquele ano faz parte de nossa memória afetiva. A derrota para a Itália não tirou o brilho de Zico, Sócrates, Falcão, Serginho Chulapa, Éder, Leandro, Júnior e muitos outros. O país ainda vivia a ditadura, instaurada em 1964, mas os tempos eram outros. Naquele ano, a população iria às urnas escolher os governadores e, dois anos depois, participaria da campanha das “Diretas Já”. 

Em meio à grave crise econômica, a Copa disputada na Espanha gerou um clima de euforia, principalmente pelas exibições de gala da seleção canarinho. A exclusividade de transmissão pela TV Globo fez com que a emissora atingisse altíssimos índices de audiência. Dos 52 jogos disputados, 41 foram transmitidos ao vivo pela TV brasileira. “A exclusividade de transmissão de jogos pela TV Globo fará com que parte da população de pelo menos quatro estados – Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Pará – fique sem assistir à Copa do Mundo. Muitos municípios desses Estados não têm como receber as imagens da emissora por falta de estações de retransmissão, enquanto outros não dispõem de condições técnicas para isso, apesar do esforço de última hora feito pelas autoridades. Há casos ainda de municípios do interior que sequer recebem a imagem da televisão. Nas demais regiões do país, ao que tudo indica, não haverá problemas durante o mundial”, destacou reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”.

Imagens: Chamadas publicadas nos jornais (acervo/Thiago Uberreich)

A Globo foi obrigada a ceder gratuitamente as imagens para as emissoras educativas, como a TV Cultura de São Paulo. Era uma forma de atingir o público de Estados onde a Globo não chegava. Em relação ao rádio, a Jovem Pan, claro, esteve presente na Espanha e fez uma grande cobertura. Durante o Mundial, a emissora praticamente só falava de futebol. O repórter Wanderley Nogueira trazia os bastidores da seleção e acompanhava o dia a dia da torcida brasileira. O titular da narração era José Silvério. Ouça abaixo, trechos das partidas da seleção, a finalíssima entre Itália e Alemanha, e outros detalhes da cobertura da Pan