Oracle: maturidade do Brasil em IA lembra mercado dos EUA há dois anos

Dois homens estão sentados em frente a um painel azul com o logotipo "Oracle" repetido, junto com o texto "Data & AI Forum São Paulo". O homem à esquerda está vestido com uma camisa social azul escura, gesticulando enquanto fala, com uma expressão engajada. O homem à direita usa uma camisa preta, óculos de grau e um crachá pendurado no pescoço, aparentando ouvir atentamente, com uma postura séria e mãos apoiadas no colo. A imagem parece capturada durante um evento ou painel de discussão sobre tecnologia e inteligência artificial

O momento do mercado brasileiro no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial (IA) é semelhante ao que ocorreu há dois anos nos Estados Unidos. Essa foi a avaliação de Leandro Vieira, vice-presidente para IA e empresas High Tech da Oracle na América Latina, durante o Data & AI, encontro promovido pela companhia em São Paulo, na última semana, para parceiros e clientes.

“O momento de maturidade do mercado é distinto”, disse ele, em conversa com a imprensa. “O Brasil está dois anos atrás do que está acontecendo neste momento nos Estados Unidos. Se olharmos o que estava acontecendo dois anos atrás por lá, é exatamente onde estamos agora.”

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Na prática, isso significa que o mercado nacional começa agora a se tornar um celeiro de empresas que trabalham não apenas consumindo IA, mas desenvolvendo a tecnologia para apoiar outras organizações — como, há dois anos, os EUA viram o surgimento de companhias como OpenAI e xAI.

“Há dez anos, tivemos a onda das nativas de nuvem, como iFood, Nubank e Quinto Andar. Estamos vendo a onda das companhias de IA generativa agora. Isso aconteceu há dois anos nos Estados Unidos”, completou Vieira.

Para a Oracle, esse momento tem sido um vetor importante de crescimento. Globalmente, a empresa já tem US$ 100 bilhões assinados em contratos de utilização de infraestrutura para suportar cargas de trabalho de inteligência artificial. A empresa não divulga números locais, mas também se mostra otimista com o potencial do mercado nacional. “O Brasil vai, sim, ver uma explosão”, disse Alexandre Maioral, presidente da Oracle no Brasil.

Para avançar essa ambição, a gigante de Austin aposta na Oracle Cloud Infrastructure (OCI). A nuvem da Oracle está presente em 168 regiões, incluindo duas regiões no Brasil, em Vinhedo (SP) e Guarulhos (SP). Duas outras regiões, em São Paulo e no Rio de Janeiro, estão previstas para os próximos meses, como parte da nuvens soberanas da Dataprev.

Neste ano, as ações da Oracle já avançaram mais de 110%, impulsionadas pela boa performance da companhia em serviços de nuvem. Larry Ellison, cofundador e CTO da Oracle, chegou a ganhar mais de US$ 90 bilhões em um único dia, após a divulgação dos bons resultados financeiros da empresa no seu mais recente trimestre fiscal, em setembro.

No Brasil, uma das parcerias mais importantes que mostra o potencial que a Oracle enxerga para o país é com a Widelabs. Fundada em maio de 2020, a companhia é responsável pelo Amazônia IA, um dos primeiros modelos amplos de linguagem (LLM) conversacionais focados no português brasileiro, com potencial de aplicação em múltiplos setores da economia.

A Biofy, outra parceira da Oracle que opera com IA na plataforma OCI, também é exemplo do momento que a empresa vive no país. A companhia surgiu como um spin-off tecnológico do Laboratório Laudo. Hoje, um de seus esforços é a Biofy Genomics, empresa criada neste ano que utiliza inteligência artificial para acelerar o processo de sequenciamento genético de bactérias. O objetivo é identificar quais delas já mostram resistência ao arsenal de antibióticos disponível. Seis laboratórios e um hospital já estão em fase piloto com a tecnologia da empresa.

Apesar das oportunidades que enxerga no mercado brasileiro, a Oracle reconhece que ainda enfrenta desafios para ganhar espaço na briga por esse mercado. “Pouca gente sabe ainda o que a Oracle tem e como a Oracle está se posicionando nesse jogo”, afirmou Vieira.

Parte disso vem da origem de seu negócio, sempre focado no segmento B2B — diferente de concorrentes como Microsoft, Google e Amazon, que trabalham também com soluções B2C de IA e com LLMs proprietários. “Todos os grandes LLMs começaram a se difundir em utilização na hora em que tocaram pessoas comuns”, ponderou Maioral. “A visão de marca se cria por associação e uso primário para necessidades básicas.”

Para avançar, a empresa mantém uma equipe de “advisors” de IA na América Latina, que trabalham junto a clientes para desenvolver casos de uso de IA. A Vivo está entre elas. Para se diferenciar dos concorrentes, a Oracle também optou por uma abordagem agnóstica de soluções.

A ideia é oferecer uma arquitetura de IA que não esteja atrelada a um único LLM proprietário, mas que possa ser adaptada conforme a necessidade do cliente mude. Sem o desenvolvimento interno de soluções de IA, a companhia também disponibiliza a capacidade da OCI para oferecer mais performance e eficiência aos clientes.

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