Qual é a relação entre os ‘Founding Fathers’ dos Estados Unidos e a miopia social dos brasileiros?
![](https://tutoriaisweb.com/wp-content/uploads/2025/02/livres-750x391-1.jpg)
Os Estados Unidos escreveram sua declaração de independência em 1776. Sua constituição, ainda em vigor, foi criada em 1787. Os “Founding Fathers”, ou, em tradução livre, pais fundadores, escreveram tanto a declaração de independência quanto a constituição dos EUA. Eles são chamados desse modo por terem sido visionários, pois enxergaram e construíram os pilares de um dos países mais importantes no mundo até hoje.
A reflexão aqui não é sobre que tipo de país eles ergueram – você pode concordar ou discordar da sociedade e cultura dos Estados Unidos e está tudo certo. A intenção neste artigo é discutir sobre o planejamento de longo prazo e a influência duradoura que eles tiveram naquele país.
Imagine a seguinte cena: pessoas sentadas numa sala, por dias a fio, planejando um país e fazendo esse cenário acontecer. Naquele momento, a conversa não tratava da preferência por republicanos ou democratas (ou se a preferência é por Lula ou Bolsonaro, no nosso caso). Eles concebiam um projeto duradouro de país. Que tipo de sociedade se deseja ter? Como assegurar que esse projeto seja exequível? Deve ter sido incrível.
Agora, falemos um pouco sobre a miopia social dos brasileiros. A miopia, em termos oculares, dificulta a observação de objetos distantes. A pessoa vê bem de perto, embora enxergue mal de longe. A miopia social, aqui, se refere à dificuldade do brasileiro de pensar no longo prazo e à tendência em pensar no curto prazo.
Nunca tivemos um grupo similar aos “Founding Fathers”, que pensaram o país; o Brasil só foi acontecendo. Nossas lideranças estavam mais interessadas em manter seu quinhão e menos inclinadas a discutir melhorias à nação. A independência do Brasil aconteceu dentro da mesma família real de Portugal, e a proclamação da república foi um processo ocorrido às pressas, quase no improviso. Ultimamente, nossos líderes políticos estão mais preocupados em se autopromover do que em discutir o país.
Voltando à miopia e ao curto prazo, o brasileiro é muito bom em resolver problemas de modo rápido e eficiente, com a famosa gambiarra. O problema para o país acontece quando praticamente todos os problemas são resolvidos com gambiarras. Seja em termos de planejamento financeiro pessoal, seja em termos de país, o fato é que temos uma enorme dificuldade de pensar no longo prazo. Já escutei mais de uma vez o contra-argumento: “no longo prazo todos estaremos mortos”. Bem, isso é verdade, mas não torna a tarefa menos importante. Ou, ainda, se aceitamos esse argumento, então também aceitamos deixar um país pior para as próximas gerações.
Fica a reflexão: qual é o Brasil que queremos construir para o futuro?
*Eduardo Gomez é administrador de empresas e pesquisador. Escreveu o livro “Vamos fazer o Brasil?” disponível em versão online na Amazon.
Esta publicação é uma parceria da Jovem Pan com o Livres
O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que reúne ativistas e acadêmicos liberais comprometidos com políticas públicas pela ampliação da liberdade de escolha