Regulamentação europeia contra desmatamento deve desafiar agronegócio brasileiro

A imagem mostra um trator azul em um campo aberto ao pôr do sol, com um céu nublado ao fundo. Sobre a cena, há elementos gráficos representando a tecnologia IoT (Internet das Coisas) no agronegócio. Ícones em formato de hexágonos incluem um trator, uma torre de comunicação, painéis solares, sensores para monitoramento de plantações e conexões digitais. O destaque para "IoT" enfatiza a integração da automação e conectividade na agricultura moderna, visando eficiência e precisão no manejo agrícola (brasil, agronegocio, iot, agro)

Uma nova regulamentação europeia – a European Union Deforestation Regulation (EUDR) – entrará em vigor no dia 30 de dezembro de 2025 e deve desafiar o agronegócio brasileiro. Produtores que exportam produtos agrícolas para a União Europeia deverão se enquadrar às novas exigências, incluindo padrões de rastreabilidade da cadeia produtiva.

O objetivo da regulamentação é impedir que produtos provenientes de áreas desmatadas sejam comercializados no bloco econômico europeu. Os produtos precisarão estar acompanhados de informações precisas sobre origem.

São sete cadeias diretamente impactadas: carne e couro, madeira, soja, café, cacau, óleo de palma e borracha. Todas são, em maior ou menor grau, importantes para o agronegócio do Brasil.

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Todos os produtos dessas categorias precisarão fornecer evidências concretas de rastreabilidade para garantir conformidade com as normas se quiserem entrar na Europa. O problema é que essas cadeias produtivas não são simples, alerta a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil).

No caso da carne bovina, por exemplo, um único animal pode passar por várias fazendas ao longo da vida. A soja é muitas vezes transportada e armazenada em lotes misturados, o que exige um método diferente de controle.

Interoperabilidade e competição

Segundo a GS1 Brasil, padrões globais como o GTIN (Global Trade Item Number), GLN (Global Location Number) e EPCIS (Electronic Product Code Information Services) permitem que informações de rastreabilidade sejam organizadas “de forma estruturada e acessível”. Eles garantiriam, segundo a associação, que os dados de um lote de soja ou de um boi abatido possam ser lidos e interpretados corretamente em qualquer parte do mundo.

Mas ainda existem desafios significativos para a adoção desses padrões no Brasil, diz a GS1. Algumas cadeias produtivas já desenvolveram sistemas próprios e podem resistir à mudança. No entanto, diz a longo prazo o esforço vale a pena por conta dos ganhos com a comunicação padronizada e mais eficiente.

É necessária também maior integração dos dados, levando informações de origem até o produto, por exemplo, por meio da identificação individual do animal. Também aprimorando os processos de rastreabilidade dentro do frigorífico, na distribuição e no varejo.

A implementação de protocolos de rastreabilidade na cadeia de cacau, por exemplo, pode colocar o Brasil em uma posição de vantagem no cenário global, atualmente dominado por países como a Costa do Marfim, na África, alega a GS1. O argumento é de que quem se adapta mais rápido às exigências ganha vantagem no mercado internacional.

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