Neri Geller avisou Lula que não precisava importar arroz; Fávaro foi contra.

O ex-ministro da Agricultura e ex-secretário do Ministério da Agricultura foi o convidado do programa Direto ao Ponto nesta segunda-feira (10 de março) e fez duras críticas ao governo federal. Geller relembrou a discussão sobre o arroz, que gerou, inclusive, a sua própria saída do governo, mas também pontuou que avisou o alto escalão do governo, como o ministro Rui Costa, chefe da Casa Civil; Fernando Haddad, da Fazenda; Carlos Fávaro, chefe da pasta da Agricultura; e o próprio presidente Lula, que não seria necessário trabalhar com a importação do arroz naquele momento.
“Eu avisei o presidente Lula, o Haddad na presença do Fávaro. Fávaro não me convidou para ir à reunião e fui chamado pela Casa Civil, e acabei participando com o presidente Lula. Antes da enchente no Rio Grande do Sul, nós mostramos que tínhamos uma expectativa de produção. Presidente, o preço hoje do arroz está R$117,00. Temos uma expectativa de crescimento de 5% a 8% na produção do Rio Grande do Sul e um crescimento no Centro-Oeste de 30%; portanto, vamos ter uma oferta bastante razoável e a tendência é cair nesse mercado. Não vamos mexer. Os dados estão aí. Eu fui radicalmente contra e com o apoio de uma boa parte do Ministério da Economia.”
Geller também afirmou que auxiliares do ministro Fernando Haddad não estão sendo ouvidos por membros do governo, como o próprio ministro Rui Costa.
“O Guilherme Melo, secretário de Política Econômica, precisa ser mais ouvido e mais respeitado. Sugestão para o ministro Rui Costa da Casa Civil: ouvir mais os técnicos.”
Mesmo com as enchentes no Rio Grande do Sul, Neri destacou que a quebra seria pequena e temporária, ainda defendendo que não seria necessário a importação de arroz. Questionado se voltaria para o governo e sobre a relação com o ministro Carlos Fávaro, Neri disse que ficou estremecida.
“Estremecida, ele me chamou para voltar depois e sem chance de voltar,” concluiu o ex-ministro.