O que vem por aí no setor de energia nuclear?

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A energia nuclear está prestes a passar por uma grande transformação. Com a crescente demanda por eletricidade impulsionada pelo aumento do uso de veículos elétricos, data centers e inteligência artificial (IA), governos e empresas voltam a olhar para essa fonte energética como uma alternativa confiável e de baixo carbono.

Ao redor do mundo, há movimentos para construir novas usinas, prolongar a vida útil de reatores existentes e até mesmo reabrir instalações desativadas. Além disso, tecnologias avançadas de reatores começam a sair do papel, com 2025 sendo um ano crucial para os primeiros projetos saírem da fase conceitual e entrarem na construção.

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Corrida global pela energia nuclear

O crescimento da energia nuclear acontece de forma desigual ao redor do mundo. Durante a COP28, 31 países se comprometeram a triplicar a capacidade nuclear global até 2050, mas cada região enfrenta desafios específicos.

Nos Estados Unidos, que possuem o maior número de reatores em operação, o crescimento do setor está estagnado. Embora um novo reator tenha sido inaugurado na usina de Vogtle, na Geórgia, não há atualmente grandes projetos de usinas convencionais em construção ou revisão.

Já na Ásia, a China vem liderando a expansão da energia nuclear, construindo novos reatores em um ritmo acelerado. Em 2025, o país deve conectar quatro novas usinas à rede elétrica, com mais projetos previstos para os anos seguintes.

Além disso, Bangladesh e Turquia devem inaugurar seus primeiros reatores ainda este ano, enquanto Egito segue avançando na construção de sua primeira usina nuclear.

Reatores do futuro começam a sair do papel

A maioria dos reatores em funcionamento hoje segue um mesmo padrão: utilizam urânio pouco enriquecido como combustível e água como resfriamento. No entanto, uma nova geração de usinas está a caminho.

Os chamados reatores avançados (ou Geração IV) estão sendo projetados para aumentar a segurança e a eficiência. Algumas dessas novas usinas usarão refrigerantes diferentes, como sal fundido ou metais líquidos, enquanto outras apostam em um combustível nuclear mais enriquecido.

Nos EUA, várias empresas já iniciaram os primeiros passos para demonstrar suas tecnologias. A Kairos Power, por exemplo, recebeu autorização para construir seu primeiro reator experimental em 2023 e planeja concluir o projeto em 2027. Seu sistema usa um refrigerante à base de flúor e pode representar um novo modelo de usinas mais baratas e seguras.

Outra empresa norte-americana, a TerraPower, está desenvolvendo um reator que utiliza sódio líquido como refrigerante. O projeto já iniciou a construção da parte não nuclear da instalação, mas ainda aguarda aprovação regulatória para começar a montagem do reator propriamente dito.

Na China, os avanços também são notáveis. O país inaugurou, em 2023, seu primeiro reator de alta temperatura resfriado a gás, que pode operar a temperaturas superiores a 1.500°C. Esse tipo de usina promete maior eficiência energética e pode ter aplicações além da geração de eletricidade, como na indústria química e produção de hidrogênio.

Infraestrutura existente

Enquanto as novas tecnologias ainda precisam de anos para se tornarem realidade, muitos países estão buscando maximizar o uso das usinas já operacionais.

Nos EUA, reguladores já concederam extensões de licença para diversas usinas, permitindo que operem por até 60 ou 80 anos. França e Espanha adotaram estratégias semelhantes, ampliando a vida útil de seus reatores além dos 40 anos originalmente planejados.

Além disso, há esforços para reativar usinas desativadas. O Palisades Nuclear Plant, em Michigan, que foi fechado em 2022, pode ser o primeiro reator nos EUA a ser reaberto. O projeto recebeu um financiamento de US$ 1,52 bilhão do Departamento de Energia americano, mas ainda precisa superar desafios técnicos, incluindo reparos em equipamentos danificados.

Outro reator que pode voltar a operar é o da antiga Usina de Three Mile Island, cenário do famoso acidente nuclear de 1979. O local está em processo de análise para possível reconexão à rede elétrica até 2028.

Influência da tecnologia no setor nuclear

A rápida evolução da inteligência artificial e o crescimento da computação em nuvem estão impulsionando a demanda por eletricidade, levando empresas de tecnologia a investirem diretamente em energia nuclear.

A Microsoft, por exemplo, assinou um acordo para comprar eletricidade da usina de Three Mile Island, caso ela volte a operar. Já a Google firmou uma parceria com a Kairos Power para desenvolver até 500 megawatts de capacidade nuclear até 2035.

Enquanto isso, a Amazon foi ainda mais longe: além de fechar contratos de fornecimento de energia, a gigante do varejo investiu diretamente na X-energy, uma empresa que está construindo pequenos reatores modulares.

Segundo especialistas, esse interesse do setor tecnológico pode acelerar o desenvolvimento de novas usinas, mas ainda é necessário acompanhar de perto compromissos financeiros concretos, como assinatura de contratos e aprovações regulatórias.

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