Dienstmann: “tarifas dos EUA têm alto impacto e não geram oportunidade”

As tarifas comerciais sobre produtos estrangeiros nos Estados Unidos, defendidas por Donald Trump e outros setores do governo norte-americano, não representam uma oportunidade real para a indústria de telecomunicações baseada no Brasil, segundo Rodrigo Dienstmann, presidente da Ericsson para o Cone Sul da América Latina.

“A gente não vê como uma grande oportunidade, porque os nossos insumos, os nossos produtos, o software que a gente produz, os equipamentos, a propriedade intelectual, eles têm uma característica global”, disse Dienstmann em entrevista ao Tele.Síntese. Mesmo a fábrica da Ericsson em São José dos Campos, explicou, utiliza insumos de diversos países, como chips de Taiwan, Coreia e Estados Unidos, além de tecnologias oriundas da China.

O executivo afirmou que o impacto das tarifas não é nulo, mas também não gera vantagens competitivas: “Não é que a gente tenha uma oportunidade agora de explorar um nicho que, de outro modo, estava sendo explorado por outros países”. A Ericsson mantém uma planta fabril nos Estados Unidos, que também opera com componentes importados, portanto, acaba impactada pela medida apesar de produzir localmente.

Para o Brasil, o efeito é considerado neutro. “A gente não importa dos Estados Unidos, mas exporta. Muitas vezes exporta da nossa fábrica para os EUA”, disse Dienstmann. Apesar disso, o cenário não se traduz em aumento significativo de exportações.

Exportações e fábrica no Brasil

O executivo destacou que a fábrica da Ericsson em São José dos Campos permanece estratégica para as operações globais da companhia. “Ela é a única fábrica da Ericsson própria no Hemisfério Sul, e bastante competitiva”, afirmou. Segundo ele, a planta, que completa 70 anos em 2025, recentemente passou por modernização e segue como hub de exportação para a América do Sul, Europa, Ásia e os próprios EUA.

Apesar da retração global nos investimentos em telecomunicações, especialmente após a forte expansão do 5G em países como Índia e Estados Unidos, a operação da Ericsson no Cone Sul teve resultados dentro do esperado em 2024. O Brasil segue como principal mercado da região, seguido por Chile e Uruguai. Com fira a conversa na íntegra no vídeo acima.

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