SAS defende “IA com propósito” e lança agentes inteligentes para decisões que performam

Pessoas circulam pelo saguão do SAS Innovate 2025, evento global de tecnologia e analytics, com destaque para o letreiro da plataforma SAS Viya e a identidade visual do evento projetada em um grande telão digital ao fundo.

“Hoje, tudo é sobre inteligência artificial (IA). Generativa, agentes, até IA quântica. Mas no fim, o que todos realmente precisam é de algo simples e poderoso: vantagem decisória.” Foi com essa provocação que Bryan Harris, CTO do SAS, abriu o SAS Innovate 2025*, nesta segunda-feira (5), em Orlando, nos Estados Unidos.

Em tom de crítica, mas ao mesmo tempo otimismo, ele relembrou o cenário atual da IA e revelou os novos passos da empresa no campo, apresentando parcerias estratégicas com a Epic Games e a Procter & Gamble (P&G). O executivo também reforçou o conceito que norteia toda a nova fase da empresa, os agentes de IA.

Harris lembrou que a velocidade da inovação em IA pode ser esmagadora, até mesmo para quem está construindo essa tecnologia. Para ele, a resposta ao desafio não está em adicionar mais camadas de ‘hype’, mas orquestrar as capacidades da IA com foco em governança, justiça, explicabilidade e performance real.

De IA generativa aos agentes de IA

Ao ilustrar os riscos de aplicar grandes modelos de linguagem sem responsabilidade, Harris citou um caso que revela como modelos populares de IA oferecem sistematicamente condições piores de crédito a pessoas negras, mesmo com o mesmo perfil financeiro de candidatos brancos. “Isso não é um caso isolado. É sistêmico”, alerta.

Ele ironizou soluções simplistas, como comandos que pedem explicitamente para a IA “não ser enviesada”, e defendeu um novo modelo de construção de cargas de trabalho com IA, os agentes de IA. “Eles unem modelos de linguagem com fluxos de decisão automatizados, regras de negócios, modelos supervisionados, governança robusta e a possibilidade de intervenção humana”, define.

O CTO apontou que a plataforma SAS Viya, por exemplo, agora permite criar agentes inteligentes com interfaces low-code e integração nativa com os sistemas da empresa, criando um ecossistema de decisões auditáveis e explicáveis. “É o oposto da caixa-preta. Aqui você consegue ver o caminho inteiro. Dos dados brutos ao impacto final.”

Gêmeos digitais e parceria com Epic Games

Uma das grandes novidades anunciadas no palco do evento foi a parceria com a Epic Games, criadora do Unreal Engine e do sucesso Fortnite, para dar vida a gêmeos digitais que realmente se pareçam com o mundo físico que representam.

A iniciativa foi demonstrada com o case da Georgia-Pacific, gigante norte-americana do setor de papel. Em conjunto com o SAS, a Epic construiu um gêmeo digital da fábrica da empresa, com visualização em tempo real, gráficos hiper-realistas e integração com os dados operacionais. O objetivo foi otimizar a frota de veículos autônomos (AGVs), reduzir riscos de acidentes e simular situações de perigo sem colocar vidas em risco.

“É o casamento perfeito entre dados reais e ambientes virtuais. A Epic sabe renderizar o mundo. Nós sabemos interpretar os dados. Juntos, damos superpoderes para os clientes”, comemora Harris.

Otimização quântica do SAS com a P&G

Outro anúncio envolveu a Procter & Gamble, parceira do SAS desde os anos 1980. Agora, as empresas iniciam um trabalho conjunto em IA quântica, voltado à resolução de problemas de otimização em larga escala. Um exemplo mencionado por Christa Comstock, diretora de inovação digital da P&G, é encontrar a melhor combinação de mais de cem produtos sendo fabricados em apenas cinco tanques, sem risco de contaminação cruzada.

“Esse tipo de problema tem mais combinações possíveis do que o número de átomos no universo”, explica Christa. Segundo ela, a confiança construída ao longo de décadas com o SAS foi essencial para iniciar o projeto de computação quântica, com o objetivo de reduzir o tempo de cálculo de meses para minutos.

*A jornalista viajou a convite do SAS