A lógica mudou e quem não for obcecado por IA vai ficar para trás

Imagem futurista de uma sala de aula em formato de anfiteatro, com vários estudantes sentados em degraus, atentos a uma apresentação tecnológica. Ao centro está um robô com aparência humanoide e acabamento metálico brilhante, de frente para um grande ecrã digital. No ecrã, são projetados gráficos, mapas, ícones de tecnologia e dados científicos. À frente do robô, há duas mesas com estudantes a trabalhar em computadores portáteis, dois à esquerda e duas à direita. A atmosfera da imagem transmite um ambiente educacional moderno com integração avançada de inteligência artificial.

Por Victor Popper

Durante o Web Summit Rio 2025, uma das principais conferências de tecnologia do mundo, tive a oportunidade de falar sobre dados, consumo e inteligência artificial em meio ao barulho de startups, big techs e palcos lotados, ficou evidente que algo estrutural está mudando. A era do tráfego pago perdeu protagonismo, e o jogo da atenção foi zerado.

Hoje, mais de 60% das buscas não geram clique algum. O usuário digita, lê a resposta direta que aparece e vai embora. Se a sua marca não estiver presente como resposta, seja no Google, TikTok, YouTube, GPT ou qualquer outra interface, ela simplesmente desaparece. O que importa agora é presença, autoridade e memória.

Não adianta mais contar curtida, clique ou seguidor. O novo desafio é ser lembrado. Estar nas conversas. Ser citado de forma espontânea, por humanos ou por agentes de inteligência artificial. E isso exige mais do que produzir conteúdo. Exige criar algo que mereça ser lembrado.

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Vivemos uma transição em que os agentes inteligentes assumem protagonismo. Eles não são apenas assistentes. São extensões cognitivas, capazes de representar marcas, ideias e visões. Eles podem ser a linha de frente no relacionamento com o consumidor. Podem carregar mensagens, recomendações e decisões baseadas em contexto real, e não apenas histórico de cliques.

Meses atrás, já era possível perceber essa mudança. O modelo tradicional de SEO começava a dar sinais de esgotamento. A busca por eficiência passou a incluir outro critério: entendimento de contexto. Não basta saber que alguém procurou por “batedeira”. É preciso entender que essa pessoa tem seis filhos, faz bolos grandes e quer durabilidade. Esse tipo de recomendação exige mais do que sistema. Exige cognição.

O futuro pertence a quem construir agentes alinhados com a própria visão, missão e valores. Agentes que saibam replicar o que você acredita. Que carreguem seu “DNA” para todos os lugares da internet. Que ampliem sua autoridade enquanto você dorme. Que vendam por você.

Mas para isso, não é necessário esperar por uma estrutura ideal. Os últimos anos foram marcados por uma crença de que inteligência artificial era o futuro. O problema é que esse futuro já chegou. E quem ainda espera pelas condições perfeitas já está ficando para trás.

Hoje, com um computador simples, uma planilha e ferramentas como o ChatGPT, qualquer pessoa pode testar ideias, criar soluções e abrir um negócio. Um estagiário com sede de aprendizado pode fazer o que antes exigia um time inteiro. A inteligência artificial nivelou o jogo. O que diferencia agora é a intensidade de quem joga.

Não é sobre ter os melhores sistemas. É sobre ter pessoas empenhadas em testar, aprender, errar e refinar. É sobre usar a IA como extensão do raciocínio, não como substituição do esforço. Eu costumo dizer, de forma provocativa, que desligaria todo mundo que não for obcecada de IA. E não é exagero. Estamos vivendo uma transformação radical do que significa produzir, decidir e inovar. E isso exige uma postura igualmente radical.

A inteligência artificial não está no horizonte. Ela está na base do que virá a seguir.

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