Ferreira: reforma tributária ignora essencialidade das telecomunicações
O CEO da Alares, Denis Ferreira, avalia que a reforma tributária aprovada em 2024, e que será posta em prática paulatinamente ao longo dos próximos anos, ignorou a essencialidade dos serviços de telecomunicações e pode resultar em aumento da carga fiscal para o setor. Em entrevista ao Tele.Síntese, ele afirmou que a nova estrutura tributária ignora o papel da banda larga na digitalização do país e não elimina encargos adicionais como Fust, Funtel e outras taxas setoriais.
“A reforma não refletiu de maneira nenhuma a essencialidade dos serviços de telecomunicações. Além de não prever alíquota reduzida, mantém tributos paralelos que elevam ainda mais a carga”, declarou. Para ele, a consequência direta será uma pressão sobre os preços ao consumidor final, caso não haja um mecanismo efetivo de compensação.
A Alares afirma estar preparada para as mudanças na tributação de Serviços de Valor Adicionado (SVAs), com estrutura já adequada às novas exigências fiscais. Ainda assim, o executivo considera que a carga maior sobre SVAs poderá impactar ofertas tanto no varejo quanto no segmento corporativo. “Cada perfil exige uma estratégia própria. No B2C, priorizamos SVAs com alto valor percebido; no B2B, a abordagem é mais consultiva e personalizada”, explicou.
6 GHz para Wi-Fi: decisão urgente para o futuro da banda larga
Outro tema considerado crítico por Ferreira é a definição sobre o uso da faixa de 6 GHz. O executivo defendeu que todo o espectro seja destinado ao Wi-Fi, posição compartilhada por entidades que representante provedores regionais. “Colocar mais capacidade na rede, como 10 Gbps ou 50 Gbps com XGS-PON, não adianta se na ponta o usuário não puder acessar essa velocidade”, argumentou o executivo da Alares.
Para ele, permitir Wi-Fi de alta capacidade com o uso da faixa completa de 6 GHz será essencial para garantir competitividade e qualidade de experiência aos usuários. Ferreira destacou que o avanço da inteligência artificial e da computação em nuvem pressiona a necessidade de redes robustas e de baixa latência. “Sem essa decisão, teremos dificuldades técnicas no futuro próximo”, alertou.
A empresa já projeta investimentos futuros para modernização de redes — hoje baseadas em G-PON — para tecnologias como XGS-PON e 50 G-PON. No entanto, avalia que a racionalidade tributária e a regulação de espectro serão determinantes para garantir a sustentabilidade dos novos ciclos de investimento no setor.
Confira aqui a entrevista na íntegra.
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