Fala de Haddad é retórica – reformas estruturantes só em 2027

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu uma entrevista coletiva hoje (02.06), dizendo que tem conversado com os presidentes da Câmara e do Senado sobre o aumento do IOF, e que as perspectivas são boas. Segundo ele, será necessária uma calibragem do imposto e que o ambiente está bem propício para reformas estruturantes.
Evidentemente, a fala do ministro gerou uma série de especulações sobre o que ele quis dizer sobre calibragem do IOF e reformas estruturantes. A fim de evitar que o Congresso derrube integralmente o aumento do IOF – o que seria uma baita derrota para o governo, especialmente para Haddad -, talvez o ministro tente um meio termo com o Poder Legislativo, calibrando a alíquota para baixo, mas ainda maior do que era antes.
É improvável que o ministério da Fazenda abra mão dessa fonte de arrecadação, sobretudo quando não tem mais dá onde tirar. Aliás, até tem, mas o governo não vai querer cortar gastos na véspera de um ano eleitoral.
Exatamente por isso que, quando o ministro fala em reformas estruturantes, é muito mais uma expressão retórica do que medidas que garantam a sustentabilidade das contas públicas. Ora, se o governo, até agora, não fez as reformas estruturantes – geralmente impopulares e cheia de ônus com a sociedade -, por que faria justamente quando “as eleições já começaram”?