eSIM e chips multi-operadora avançam no mercado brasileiro
Soluções de conectividade IoT que permitem alternância entre operadoras e reconfiguração remota via API estão ganhando escala no Brasil, ao menos do lado da oferta. A tendência inclui o uso de chips multi-operadora, eSIMs programáveis e plataformas de gestão remota de linhas, com aplicações críticas em setores como rastreamento, meios de pagamento, segurança e automação industrial.
A tecnologia não é inédita no mercado internacional — com soluções multi IMSI e eSIM adotadas há alguns anos — mas a integração com o ecossistema local brasileiro, respeitando as normas da Anatel e voltada a verticais operacionais, é um movimento recente e em consolidação.
Entre os lançamentos, a nova MVNO Virtueyes apresentou os chips NEO Multi e NEO Claro. O primeiro permite alternância automática entre Claro, Vivo e TIM; o segundo opera com conectividade exclusiva da Claro. Segundo a empresa, o NEO Multi “reduz significativamente o risco de quedas de sinal para soluções críticas de rastreamento e monitoramento”.
A multinacional KORE Wireless, também com atuação no Brasil, lançou o Super SIM, chip que permite ao cliente escolher, via API ou plataforma, qual operadora será usada em cada dispositivo. A tecnologia funciona mesmo com o chip offline. A gestão é feita pela plataforma PORTHAL, desenvolvida com a SAITRO, que já administra mais de 8 milhões de linhas. Segundo a KORE, o produto responde às exigências de aplicações críticas:
“Setores como segurança, rastreamento e pagamentos exigem cada vez mais autonomia e redundância, sem depender de um único operador ou configuração geográfica”, afirmou Júlio Tesser, vice-presidente da KORE para a América Latina.
A britânica Eseye, que registrou crescimento de 23% na demanda por conectividade de banda larga para IoT no Brasil nos últimos 12 meses, diz que a demanda por vídeo tem influenciado também o consumo de internet das coisas, por conta da transmissão em tempo real, explicou Mário Guisard, diretor Comercial da Eseye.
A Eseye oferece o chip AnyNet+, com múltiplos perfis IMSI (identidade global do chip), ou seja, também multi-operadora, e conectividade automática à melhor rede móvel disponível, sem roaming internacional. O sistema é apoiado pela plataforma Infinity, que permite monitoramento centralizado da conectividade em ambientes industriais, logísticos ou urbanos, afirma.
No setor de pagamentos, a Lyra M2M calcula que a adoção de eSIMs programáveis poderia evitar um gasto anual de ao menos R$ 120 milhões com troca física de chips em terminais POS. “Cerca de 20% da base de equipamentos existentes hoje são revisitados a cada ano para troca de operadora, ou seja, apenas para trocar um chip por outro. Considerando-se que, no mínimo, um terço desses dispositivos está apto para funcionar com eSIM, estimamos que o mercado de pagamentos poderia deixar de gastar pelo menos R$ 120 milhões ao ano”, afirmou Fábio Nogueira, head Comercial da Lyra M2M.
A solução da Lyra segue o padrão SGP.32 da GSMA e armazena até dez perfis de rede no mesmo chip, com gerenciamento por plataforma própria e sem necessidade de visitas técnicas ou substituição de equipamentos.
As empresas que apostam neste modelo de produto multi-operadora dizem que a adoção dessas tecnologias atende à demanda crescente por resiliência e autonomia da conectividade em campo, sem violar as regras da Anatel sobre roaming. Afirmam ainda que as soluções trazem ganhos ambientais ao reduzir deslocamentos técnicos e o uso de plástico (no caso do eSIM), e aumentam a vida útil de dispositivos ao simplificar atualizações e mudanças de operadora.
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