Com 6G no horizonte, empresas ainda engatinham no 5G

Auditório principal da Febraban Tech 2025, com público sentado assistindo a uma apresentação no palco. No centro do palco, uma mulher de cabelos cacheados e volumosos fala ao microfone, enquanto sua imagem é projetada em um grande telão curvo acima dela. O telão exibe também o logotipo do evento e o tema: "Febraban Tech 2025 – A aceleração do Setor Financeiro na Era da Inteligência". Nas laterais do telão, há intérpretes de Libras. O ambiente é moderno e tecnológico, com iluminação roxa e verde e estandes de empresas visíveis ao fundo. (5G, 6g)

Faltam apenas cinco anos para a chegada do 6G no mundo. No Brasil, as operadoras tem mais quatro para finalizar a instalação da versão anterior (5G) da tecnologia em todo o território nacional. Coordenadas pela Anatel, as companhias tem se mostrado adiantadas no plano de implantação, mas será que é possível já pensar na próxima etapa? Essa foi uma das discussões levantadas durante a Febraban Tech deste ano.

Durante o painel “5G e 6G, aproximando real e virtual”, realizado nesta quinta-feira (12), diretora-editorial da MIT Sloan Management Review Brasil, Adriana Salles Gomes, mediou a conversa entre representantes da Claro Empresas, BTG Pactual e Teleco. O tom geral entre os executivos foi de que ainda há muito a se fazer pelo 5G, mesmo que a previsão para a hegemonia do 6G seja 2035.

Desde o surgimento da nova rede, o Brasil investiu mais de R$ 40 bilhões na sua implementação. No entanto, segundo Eduardo Tude, presidente da Teleco, o país ainda enfrenta limitações técnicas sobre o assunto “O 5G foi colocado em uma frequência mais alta e tem uma cobertura menor. Se você pega no Brasil, onde as operadoras usam o core de 4G para manter a cobertura, se o usuário está andando, ele tem 20% a menos de conectividade”, revelou.

Os problemas, de acordo com Alexandre Gomes, diretor de Marketing da unidade grandes empresas/governo da Claro Empresas, são parte do momento da tecnologia. Cético sobre as previsões para a chegada do 6G, o executivo reforçou a data final do rollout do 5G para as operadoras e apresentou dois movimentos do setor financeiro, impulsionados pela rede.

“O 6G está longe ainda, mas com o 5G, tivemos dois grandes movimentos, o primeiro foi o FWA, que permitiu mais mobilidade na entrega de uma agência ou em um banco móvel. E o segundo, envolve o open gateway do qual o mercado financeiro é grande usuário nas aplicações de fraudes e no atendimento ao cliente.”

Eduardo Bento, diretor executivo do BTG Pactual, concordou com o Gomes. Para ele, todas as instituições financeiras tem dificuldade de conectividade dentro das agências, e foi o 5G que trouxe uma eficiência operacional maior , além de possibilidades de autenticação instantânea, execução de transações em tempo real e experiências digitais reformuladas.

O executivo ainda enfatizou que o principal diferencial vai além da velocidade. “O principal benefício do 5G é conectar não só dispositivos tradicionais, mas IoT, então agora podemos mensurar carros, por exemplo”, afirmou Bento, antecipando um futuro onde as instituições financeiras estarão integradas ao cotidiano através de dispositivos conectados. Essa visão se materializa em aplicações práticas já em desenvolvimento dentro do centro de inovação do BTG.

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Diante da prerrogativa, Tude comentou sobre a expectativa para o 6G, que também vem sendo visto como um facilitador para tecnologias IoT. “O 6G não vai ser uma revolução, vai ser uma evolução do 5G”. As projeções para os próximos dez anos variaram entre os executivos. Bento, do BTG, acredita que a chegada da nova rede tornará o banco presente em todos os dispositivos, sem precisar de inputs humano, sendo “100% pró-ativo, transparente e integrado na vida das pessoas”.

Já Gomes, da Claro, aposta na transformação estrutural. “O banco se transformará em plataforma e, a partir daí, teremos redes autônomas, convergência de comunicação e sensoriamento”. Tude concordou, mas falou sobre a necessidade de que essa estruturas sejam convergidas para o fatiamento de rede.

“Hoje a gente tem um tubo, que é a Internet, onde tudo entra de qualquer jeito e isso gera congestionamento. Mas, aos poucos, vai ser preciso priorizar e chegar ao fatiamento de redes”, explicou. Para o setor financeiro, isso significaria poder garantir qualidade e segurança específicas para transações críticas, isolando o tráfego bancário de outras aplicações que poderiam comprometer a performance ou segurança das operações.

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