Venda da ClientCo frustrou projeções, admite Oi
O anúncio de que a Oi quer aditar seu plano de recuperação judicial impacta os papéis OIBR3 da operadora, que nesta terça-feira, 2, apresentam queda de 9,23% ao meio dia, valendo R$ 0,59. O pedido da Oi para realizar ajustes ao plano de recuperação judicial trouxe algumas surpresas, como questionamentos da própria empresa aos acordos selados com base em projeções que não se confirmaram.
Um exemplo está nas críticas à venda da ClientCo (hoje sob novo dono e rebatizada para Nio). Segundo a petição apresentada pela operadora à Justiça ontem, 1º, a transação, embora tenha sido positiva para o grupo, não deu o resultado esperado.

A primeira frustração mencionada foi com a ausência de pagamento em dinheiro. Apesar de ter recebido uma oferta da Ligga, empresa do investidor Nelson Tanure, em cash, a proposta foi recusada pela diretoria e por credores à época, que consideraram o preço sugerido muito inferior ao estimado.
A diretoria da Oi tinha como projeções receber em espécie R$ 7,3 bilhões. A Ligga propôs pagar R$ 1,03 bilhão. Ao fim e ao cabo, a venda resultou em troca de ações com a V.tal e abatimento de dívida em montante total equivalente a R$ 5,7 bilhões, sem impacto para o caixa da Oi.
Agora, a Oi afirma que “o valor pretendido pela antiga administração para a venda da UPI ClientCo se mostrou desconectado da realidade de mercado”. Acrescenta ainda que a venda “não resultou na entrada imediata de receitas líquidas previstas pela Oi para o biênio 2024-2025”.
A empresa diz que o negócio trouxe ganho financeiro por eliminar despesas, por exemplo. A ClientCo gerava prejuízo recorrente de R$ 150 milhões por mês.
E resume: “houve descasamento entre a projeção de liquidez imediata utilizada como base para elaboração do fluxo de pagamentos do Plano (veja mais abaixo) e a real disponibilidade de caixa”.
Na petição apresentada à Justiça, a atual gestão da companhia busca se distanciar na anterior. “Tais circunstâncias, alheias à vontade da Nova Governança do GRUPO Oi, vêm pressionando o caixa das RECUPERANDAS e dificultando o cumprimento de obrigações financeiras de curto prazo previstas no PLANO, o que, por sua vez, coloca em risco a conclusão exitosa do processo de soerguimento”, traz o documento.
A petição traz ainda outros dados para apontar o otimismo das projeções que foram apresentados pela Oi no passado. Mostra, por exemplo, tabelas que apontavam fluxo de caixa de R$ 7,16 bilhão em 2025 por causa da venda pelo valor cheio da ClientCo. Para 2026, previa a entrada de R$ 8 bilhões com a venda da participação de quase 30% na V.tal. Diante desse cenário, a diretoria em 2024 propunha pagar R$ 1,7 bilhão aos credores neste ano, e R$ 5,93 bilhões em 2026. Algo que agora é tido como inviável no curto prazo.
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