Após ataques nas redes, Gleisi e líder do governo saem em defesa de Hugo Motta

A presidente nacional do PT e ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), saíram em defesa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após o parlamentar se tornar alvo de ataques nas redes sociais por conta da votação que resultou na derrubada do decreto presidencial que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A decisão, tomada na noite da última terça-feira (1º), acirrou os ânimos entre o Executivo e o Legislativo e pegou o Planalto de surpresa, especialmente porque havia a expectativa de que o tema fosse adiado até o retorno de Hugo Motta de uma viagem internacional. Em publicações nas redes sociais nesta quarta-feira (2), Gleisi criticou os ataques pessoais e pediu respeito às instituições democráticas. “O debate, a divergência, a disputa política fazem parte da democracia. Mas nada disso autoriza os ataques pessoais e desqualificados nas redes sociais contra o presidente da Câmara. Não é assim que vamos construir as saídas para o Brasil”, escreveu a ministra.
O mesmo tom conciliador foi adotado por José Guimarães, que também utilizou seus canais oficiais para repudiar as críticas direcionadas a Motta. “Apesar do revés enfrentado recentemente pelo governo na votação do IOF, isso não pode ser usado como justificativa para ataques pessoais dirigidos ao presidente da Câmara. O que devemos continuar priorizando é a disputa de ideias no campo social”, disse o deputado.
Embate institucional
A votação que anulou o decreto presidencial aprofundou o clima de desconfiança entre o Planalto e o Congresso Nacional. O governo federal, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Parlamento e preservar o aumento da alíquota do IOF. A medida gerou críticas de diversos parlamentares, que classificaram a judicialização como um desrespeito ao Legislativo.
Nos bastidores, aliados de Hugo Motta destacam que o presidente da Câmara seguiu os trâmites legais e regimentais, sem qualquer intenção de confronto. Deputados também ressaltam que a insatisfação da base com determinadas medidas do Executivo tem motivado votações com resultados independentes, mesmo entre partidos que compõem a base aliada.
Caminhos para o diálogo
A movimentação de Gleisi e Guimarães é vista como uma tentativa de reconstruir pontes e restabelecer o diálogo entre os Poderes, especialmente em um momento de tramitação de pautas sensíveis no Congresso, como a revisão dos benefícios fiscais e a medida provisória que cria o programa “Agora Tem Especialistas”.
A tensão entre Executivo e Legislativo, potencializada por episódios como o do IOF, é considerada por analistas como um desgaste precoce para o governo em um ano pré-eleitoral. A expectativa é que o Palácio do Planalto reforce as articulações políticas para evitar novos conflitos com o Congresso e garantir a governabilidade nos próximos meses. Enquanto isso, a pressão nas redes sociais sobre os protagonistas da votação — entre eles, Hugo Motta — revela o grau de polarização e mobilização digital que tem marcado o ambiente político brasileiro.