China: 7 lições de inovação e empreendedorismo para brasileiros

Olhar para a China é mais do que acompanhar tendências, mas também vislumbrar o futuro. Enquanto muitos países ainda se adaptam à transformação digital, o “gigante asiático” avança em ritmo próprio, unindo tecnologia de ponta, planejamento de longo prazo e uma cultura empresarial marcada pela disciplina e pela coletividade.
As constatações acima são do brasileiro Jhonatan Teixeira, diretor da Farmarcas, que participu de imersão recentemente em ecossistemas de inovação chineses. Passando por Pequim, Shanghai e Shenzhen, o executivo visitou a Alibaba Health e JD Health, além da emergente Taimi Robotic Technology.
“A China não é apenas uma nação moderna — é uma civilização que pensa em séculos, não em ciclos de governo. Isso molda um povo que valoriza o coletivo, a hierarquia e o esforço coordenado. Para o gestor brasileiro, muitas vezes focado apenas no curto prazo, é um choque de perspectiva”, diz Teixeira.
O executivo fez uma lista de sete aprendizados que a experiência chinesa pode oferecer aos empreendedores brasileiros. Confira:
- Planejamento de longo
Na China, o pensamento estratégico transcende eleições, mandatos e modismos. O país se move com uma lógica de continuidade, projetando ações para décadas ou até séculos à frente.
“Essa visão estrutural permite que empresas invistam em soluções robustas sem a pressão do retorno imediato”, diz Teixeira. Para ele, no Brasil predomina o imediatismo. Incorporar uma mentalidade de longo prazo pode representar uma virada decisiva para negócios sustentáveis.
- Hierarquia e disciplina coletiva
Embora seja uma sociedade hierárquica, a China mostra que o respeito à autoridade e o esforço coordenado criam ambientes mais eficientes e menos fragmentados. Para os brasileiros, que muitas vezes priorizam a flexibilidade, a lição é: liberdade sem estrutura pode limitar o crescimento.
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- Futuro do varejo é integrado
Nas farmácias chinesas, a experiência do cliente é totalmente diferente do modelo tradicional. O ambiente físico está conectado a plataformas digitais, sistemas de dados e atendimento remoto — transformando o ponto de venda em um minicentro de saúde.
“O digital e o físico não competem, se complementam. Isso vai muito além do omnichannel que conhecemos aqui”, diz Teixeira. Empresas como JD.com utilizam IA preditiva, big data e logística autônoma para conectar vendas, saúde preventiva e relacionamento com o cliente em uma mesma jornada.
- Robôs e automação com empatia
A Taimi Robotic Technology desenvolve robôs que recepcionam clientes, identificam necessidades, indicam produtos, verificam interações medicamentosas e finalizam pedidos — tudo com uma abordagem acolhedora. “É o que chamo de automação empática: uso da tecnologia sem perder o toque humano”, diz o executivo brasileiro.
- Infraestrutura tecnológica como pilar
Empresas chinesas tratam investimento em tecnologia e dados não como custo, mas como estrutura básica. “Enquanto muitas empresas brasileiras ainda operam com sistemas desconectados e foco no custo imediato, lá se investe em dados, integração e logística inteligente como condição de existência.”
- Inovação nasce da colaboração entre setores
Os chineses chamam de guanxi: redes de confiança e parceria entre empresas, governo, universidades e centros de pesquisa. Essa articulação sistêmica acelera a inovação e evita disputas infrutíferas entre setores. “No Brasil ainda somos muito fragmentados. Lá, há sinergia institucional. Isso faz diferença”, diz Teixeira.
- Cultura coletiva
Desde a construção da Muralha da China até os hubs de tecnologia de hoje, a ideia de um propósito coletivo permeia as decisões. Isso cria uma cultura voltada à entrega em larga escala e à perenidade. “A China mostra que disciplina, estratégia e visão coletiva podem viabilizar soluções consistentes e escaláveis — seja na iniciativa privada ou nas políticas públicas”, diz o executivo.
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