Estudo associa poluição do ar a maior risco de tumor cerebral

A exposição contínua à poluição do ar pode aumentar o risco de desenvolvimento de tumores cerebrais. É o que aponta um novo estudo realizado na Dinamarca, com mais de 3,5 milhões de adultos acompanhados por mais de duas décadas. A pesquisa encontrou uma associação direta entre a presença prolongada de partículas ultrafinas no ambiente — especialmente em áreas urbanas — e o aumento de casos de meningioma, um tipo de tumor que afeta as membranas do cérebro. Os resultados foram publicados na revista científica Neuro-Oncology e revelam que os indivíduos expostos aos mais altos níveis de poluição tiveram uma incidência três vezes maior de meningioma do que os menos expostos. Segundo os pesquisadores, as partículas PM0,1 — com menos de 0,1 micrômetro de diâmetro — são as mais preocupantes. Elas são emitidas principalmente pela queima de combustíveis fósseis, como o diesel, e podem penetrar profundamente nos pulmões, alcançar a corrente sanguínea e atingir o cérebro. Durante o período de observação, os cientistas identificaram mais de 16 mil casos de tumores no sistema nervoso central. Destes, cerca de 4.700 foram meningiomas. Embora o estudo não comprove uma relação direta de causa e efeito, os pesquisadores afirmam que há uma “forte associação” entre poluição e risco neurológico.
Outras pesquisas recentes também indicam que a poluição do ar está relacionada a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, declínio cognitivo precoce, AVC e até distúrbios de desenvolvimento em crianças. No Brasil, segundo levantamento da USP, os moradores da cidade de São Paulo inalam diariamente uma quantidade de poluentes equivalente a fumar de dois a três cigarros por dia. Apesar de invisível, a poluição do ar segue como um dos principais riscos ambientais à saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ela cause mais de 7 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo. O novo estudo dinamarquês amplia a compreensão dos impactos silenciosos da poluição e reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à redução das emissões e ao monitoramento da qualidade do ar nas cidades.