Lula sobe o tom contra família Bolsonaro e ironiza atuação de Eduardo nos EUA: ‘Trump, não deixa meu pai ser preso’

Usando tom jocoso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou nesta sexta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de ter enviado um de seus filhos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aos Estados Unidos para pedir ajuda ao ex-presidente americano Donald Trump com o objetivo de pressionar o governo brasileiro. Segundo Lula, a família Bolsonaro teria articulado a imposição de tarifas a produtos brasileiros como forma de retaliação ao avanço dos processos judiciais contra o ex-mandatário.
“Ele [Bolsonaro] mandou o filho para os Estados Unidos pedir para o Trump fazer ameaça: ‘Ah, se não liberarem o Bolsonaro eu vou taxar vocês’”, afirmou Lula durante evento em Linhares (ES), onde o governo anunciou um novo acordo de indenização para vítimas do desastre ambiental da barragem do Fundão, ocorrido em 2015. Na quarta-feira (9), Trump anunciou que, a partir de 1º de agosto, os EUA aplicarão uma tarifa de 50% sobre a entrada de produtos brasileiros no país.
A medida foi comunicada em uma carta direcionada a Lula, na qual Trump afirma que os EUA enfrentam déficit comercial com o Brasil — alegação que o governo brasileiro contesta. “Em 15 anos, entre comércio e serviços, nós temos um déficit de 410 bilhões de dólares com os EUA. Eu que deveria taxar ele”, rebateu Lula, citando dados que também foram divulgados pela Amcham Brasil nesta sexta, indicando superávit norte-americano de US$ 1,7 bilhão na balança com o Brasil no primeiro semestre de 2025.
Lula ainda ironizou a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. “A coisa [Bolsonaro] mandou um filho que é deputado se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo: ‘Trump, pelo amor de Deus, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso’”, disse o presidente, imitando uma voz chorosa. “Essa gente precisa tomar vergonha na cara”, acrescentou. O petista também criticou o formato do anúncio feito pelo líder americano. “Ele sentou no sofá e digitou: ‘Ô Lula, vou taxar’… Essas pessoas não sabem o respeito que temos pelo nosso país.”
O presidentedo Brasil declarou que buscará reverter a decisão por meio de negociações e recursos em organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e com parceiros do Brics. No entanto, avisou que, caso não haja solução diplomática, retaliará os EUA com base na Lei de Reciprocidade. “Taxou aqui, a gente taxa lá. Não tem outra coisa a fazer”, afirmou.
Aliados do Planalto consideram que o aumento das tarifas, articulado com o entorno de Bolsonaro, pode se voltar contra os próprios bolsonaristas. Para o governo, a medida soou desproporcional e pode gerar apoio interno à reação brasileira. Durante o evento, Lula usava um boné com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, adotado por apoiadores do governo como crítica à suposta subordinação da oposição aos interesses dos Estados Unidos.
Publicada por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA