Dólar fecha em alta e Bolsa acumula perdas com tensão comercial entre Brasil e EUA

O dólar encerrou a sexta-feira (11) com leve alta de 0,1%, cotado a R$ 5,5479, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 0,41%, aos 136.187 pontos. Os movimentos refletem a tensão gerada pela decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida anunciada na última quarta-feira (9) pelo presidente Donald Trump. Ao longo da semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 2,28% frente ao real. No mesmo período, o Ibovespa recuou 3,20%, registrando desempenho negativo em todos os pregões da semana. Em julho, a Bolsa já acumula queda de 1,96%, após quatro meses consecutivos de alta.
As tarifas afetam diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como petróleo, aço, café, carne bovina, suco de laranja e aeronaves. A Embraer, por exemplo, é uma das empresas mais expostas: cerca de 23,8% de sua receita vem das vendas para os EUA. Outras companhias potencialmente impactadas incluem Suzano, Tupy, Jalles Machado e Frasle Mobility.
Além das perdas setoriais, a medida elevou o grau de incerteza no mercado e reacendeu o temor de uma guerra comercial. Durante a manhã de sexta-feira, o dólar chegou a subir quase 1% diante do risco de escalada no conflito, mas desacelerou no fim do dia após Trump sinalizar que pode conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “em algum momento”.
Lula criticou a postura de Trump, que justificou a nova tarifa com argumentos políticos e chegou a citar o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma carta enviada ao governo brasileiro. Em resposta, o presidente afirmou que o Brasil buscará diálogo, mas, se necessário, usará a Lei da Reciprocidade Econômica para impor tarifas aos EUA. “Nós queremos negociar, mas queremos respeito às decisões do Brasil. Se ele [Trump] ficar brincando de taxação, isso vai ser infinito”, disse Lula em entrevista ao Jornal Nacional.
A lei citada por Lula permite ao governo aplicar medidas provisórias de retaliação enquanto tenta solucionar disputas comerciais. Trump, por sua vez, afirmou que, caso o Brasil reaja com novas tarifas, os EUA poderão aumentar ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros. Analistas alertam para o risco de aumento da inflação e de desaceleração econômica. Um dólar mais caro encarece produtos importados e pressiona os preços internos, o que pode levar o Banco Central a manter os juros em níveis elevados — atualmente em 15%, o maior patamar em quase duas décadas.
Apesar disso, o Ministério da Fazenda afirmou que o impacto sobre o crescimento do PIB em 2025 deve ser limitado e concentrado em alguns setores. A projeção de crescimento para 2024 foi revista para cima, passando de 2,4% para 2,5%.
O Brasil não é o único alvo das novas medidas comerciais dos EUA. Desde o início da semana, Trump enviou cartas a líderes de 23 países, estipulando tarifas mínimas para negociar com os Estados Unidos. O Canadá foi notificado na quinta-feira (10) sobre uma tarifa de 35%, sob a alegação de que o país não combate adequadamente o tráfico de fentanil. Trump também prometeu anunciar tarifas para a União Europeia, o que acentuou a aversão ao risco nos mercados globais.
Publicada por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA