‘A inflação caiu, mas as pressões permanecem’, justifica Campos Neto sobre manutenção da taxa de juros

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou que a inflação brasileira têm caído, mas que pressões permanecem com o componente de demanda relativamente forte. A avaliação aparece em uma apresentação utilizada em uma reunião com investidores nos Estados Unidos, realizada nesta quarta-feira, 12. Campos Neto pontuou que as expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas houve um processo de deterioração a partir de novembro. O último boletim Focus de segunda-feira, 10, projetou uma nova alta na inflação para 2023, com o indicador chegando a 5,98%. O novo valor mostra um aumento em relação à última semana, quando a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era de 5,96% para o ano de 2023. O boletim prevê ainda uma desaceleração da alta da inflação em 2024, com o indicador indo para 4,14%. Em 2025 e 2026, segundo o documento, a previsão é de que o IPCA fique em 4%.

Na apresentação, o presidente do Banco Central também traz as avaliações da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ressaltando que o grupo persistirá até que o processo desinflacionário se consolide e as expectativas de inflação se ancorem em torno de seus alvos, que têm apresentado deterioração adicional, especialmente em horizontes mais longos. As projeções também mostram que o crescimento deve desacelerar em 2023, mas com previsões de longo prazo melhorando. O documento apresentado pontua que dados sugerem arrefecimento do mercado de trabalho e que, ao longo das últimas décadas, a taxa de juros real do Brasil tem apresentado tendência de queda. Campos Neto identificou ainda uma desaceleração em novas operações de crédito, com deslocamento da composição para categorias de alto custo, elevando os índices de inadimplência. Além disso, o mercado de capitais apresentou um crescimento significativo nos últimos anos, desempenhando um papel importante no crédito e na poupança. Por fim, o presidente do BC informa que existe uma expectativa de corte da Selic em seis meses. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, nível mais alto desde o início de 2017.