A maior desonra do futebol brasileiro faz 11 anos e ainda envergonha a torcida

Nunca é agradável falar sobre derrotas, ainda mais quando se trata do resultado mais desonroso da história do futebol brasileiro. O “7 a 1” para a Alemanha completa 11 anos e, até hoje, gera discussões, questionamentos e chacota. Infelizmente, os problemas do esporte nacional continuam os mesmos.   

ALEMANHA 7 × 1 BRASIL – Mineirão – 08.07.2014

Brasil: Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho) e Oscar; Hulk (Ramires), Bernard e Fred (Willian).
Alemanha: Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker) e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira (Draxler), Kroos e Özil; Müller e Klose (Schürrle)
Árbitro: Marco Rodriguez (México).
Gols: Müller (9), Klose (22), Kroos (24 e aos 25) e Khedira (29) no primeiro tempo; Schürrle (23 e aos 33) e Oscar (45) na etapa final.

A contusão de Neymar contra a Colômbia, pelas quartas de final da Copa de 2014, no Brasil, o alijou do duelo seguinte diante dos alemães, em Belo Horizonte. Como armar um time que não pode contar com a sua principal estrela? O técnico Luiz Felipe Scolari não sabia se escalaria um substituto específico. Talvez Willian no meio? Felipão treinou a equipe com três volantes: Paulinho, Fernandinho e Luiz Gustavo. Mas, depois de muito mistério, Bernard foi o escolhido para substituir Neymar. Uma tragédia. Thiago Silva, suspenso com o segundo cartão amarelo, foi substituído por Dante. A Alemanha, incansável, bem armada e consistente, sobrou em campo. Existia um abismo entre os dois times. Parecia ataque contra defesa.

O Brasil conseguiu a proeza de segurar a Alemanha até os 9 minutos, quando Müller abriu o placar. Klose ampliou aos 22 minutos e chegou ao 16º gol dele na história dos Mundiais, superando Ronaldo Fenômeno. Uma marca, por ironia, alcançada contra o Brasil. A partir daí, começaram os minutos mais trágicos da história do futebol nacional: Kroos marcou o terceiro aos 24 minutos e o quarto aos 25. Khedira fez o quinto aos 29 minutos do primeiro tempo. As imagens da transmissão da TV mostravam os torcedores perplexos. Mãos levadas aos rostos. Crianças chorando, amparadas pelos pais. Muita gente começou a deixar o Mineirão com o placar de 5 a 0.

Paulinho e Ramires entraram depois do intervalo e Willian foi acionado durante o segundo tempo. O Brasil continuou perdido em campo, mas sofreu “apenas” mais dois gols. Schürrle fez aos 23 minutos e novamente aos 33. O placar indicava: 7 a 0. Conta de mentiroso, mas era a pura verdade.

O gol de honra, para amenizar a desonra total, foi marcado por Oscar aos 45 minutos do segundo tempo. No total, 58.141 torcedores foram testemunhas da tragédia brasileira no Mineirão. A última seleção a marcar ao menos cinco gols em uma semifinal de Copa tinha sido o Brasil, em 1958, quando venceu a França por 5 a 2. Já um placar parecido com o 7 a 1, foi registrado três vezes em semifinais: Uruguai 6 × 1 Iugoslávia, em 1930, Argentina 6 × 1 Estados Unidos, também em 1930, e Alemanha 6 × 1 Áustria, em 1954.

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Ao final do jogo, os atletas brasileiros caíram no choro. David Luiz foi amparado por Thiago Silva, que não entrou em campo, mas, nos microfones das emissoras, pediu desculpas. Júlio César se postou na beira do gramado para a entrevista oficial e quase não conseguiu falar. Admitiu apenas que houve um “apagão”. Para piorar, a seleção ainda perderia para a Holanda, 3 a 0, na disputa pelo terceiro lugar. 

O que o pernambucano Nelson Rodrigues diria sobre o “7 a 1”? Acompanhe na reportagem a seguir. Os gols são narrados por Nilson César e os textos do cronista estão na voz de David Roque.