As criptomoedas vão morrer? Veja quantas vezes essa previsão deu errado

No início de 2016, o jornal Washington Post publicou um artigo intitulado “R.I.P Bitcoin, It´s time to move on” (Descanse em paz, Bitcoin, é hora de seguir em frente). Em dezembro do mesmo ano, a revista Newsweek se questionava se o Bitcoin estava fadado a desaparecer. Estes são apenas dois exemplos dados pelo site 99 Bitcoins.com, que desde 2010 se dedica a documentar a quantidade de vezes em que foram publicadas previsões sobre o fim das criptomoedas (incluindo não somente matérias jornalísticas, mas também tuítes e entrevistas televisivas). Segundo a contagem do site, até agora foram 471 publicações. Para além do tom satírico da intenção, a compilação das previsões errôneas pode ser tomada como um exercício de reflexão sobre a evolução da “tecnologia blockchain” e a alta volatilidade que caracteriza a maioria das criptomoedas. Todas as criptos são iguais? O que significam as crises de confiança desencadeadas de tempos em tempos? As criptomoedas se tornarão mais populares quando houver mais informação sobre o tema?

Os entusiastas das criptomoedas acreditam que há muito potencial, apesar de admitirem que existem desafios a serem enfrentados. É o caso de Daniel Kuhn, que refletiu sobre o tema no site especializado Coin Desk: “As criptomoedas têm visão de futuro e suas inovações implicam mudanças de longo prazo (como aprender sobre a custódia de ativos, repensar o que é o dinheiro e criar novas formas de ação coletiva). E embora hoje tenhamos mais conhecimento sobre as distintas razões que podem levar as criptomoedas a falharem, ainda há muitos formatos nos quais elas podem ser bem-sucedidas.”

O respaldo é uma questão-chave

Ainda que pareçam nunca se concretizar, as profecias sobre o fim das criptomoedas ressurgem a cada crise que abala o setor. A mais recente ocorreu em novembro, quando a FTX, uma das principais plataformas de exchange de criptoativos do mundo, entrou em colapso. Naquela ocasião, o preço do bitcoin caiu drasticamente, arrastando para baixo quase todas as outras criptomoedas. Embora a magnitude do colapso fosse inegável, diferentes analistas concordaram em interpretá-lo como um realinhamento do mercado, e não como uma crise terminal.

Para Alex Konanykhin, CEO da Unicoin, os acontecimentos relacionados à FTX deixaram em evidência “a extrema volatilidade e vulnerabilidade do mercado de criptomoedas de primeira geração” e puseram em relevo os problemas decorrentes da falta de ativos que respaldem a maioria das criptomoedas, incluindo o Bitcoin. Atualmente, o site Coin Market Cap lista mais de 22 mil criptomoedas, embora poucas delas sejam respaldadas por ativos e tenham sido projetadas para evitar a alta volatilidade. O interesse e a curiosidade pelas criptomoedas, por sua vez, continuam crescendo, como demonstram as tendências de busca registradas no Google no ano passado.