A taça Jules Rimet teve um fim triste depois das conquistas gloriosas da seleção brasileira
Depois de contar a história de Bellini na coluna de ontem, hoje gostaria de falar sobre a Jules Rimet, conquistada três vezes pela seleção brasileira. Além de Bellini, que em 1958 ergueu a taça, os capitães Mauro Ramos de Oliveira, em 1962, e Carlos Alberto Torres, em 1970, repetiram o gesto de levantar o troféu. A estatueta foi desenhada pelo escultor francês Abel Lafleur, amigo de Jules Rimet, terceiro presidente da Fifa (fundada em 1904) e que idealizou a Copa do Mundo, em 1930. A taça tinha 30 cm de altura, pesava 3,8 kg (sendo 1,8 kg de ouro maciço) e representava a figura alada de Nice, deusa grega da vitória. Pelo regulamento, quem fosse campeão três vezes ficaria com a posse definitiva. O troféu só recebeu o nome de Jules Rimet em 1946.
Depois da conquista do bicampeonato pela Itália, em 1934 e 1938, o troféu ficou escondido durante a Segunda Guerra. O dirigente italiano Ottorino Barassi guardou a taça dentro de casa, em uma caixa de sapatos, para evitar que a estatueta caísse nas mãos dos nazistas e tivesse o ouro derretido. Em 1954, os alemães, campeões daquele ano, foram autorizados a trocar a base do troféu para uma de mármore, que passaria a ter o nome dos países vencedores grafados em pequenas placas.
Às vésperas da Copa de 1966, na Inglaterra, a Jules Rimet estava em exposição em Londres, quando desapareceu misteriosamente. O sumiço mobilizou as autoridades de segurança e envolveu, até mesmo, a Scotland Yard. Uma semana depois, um cachorro chamado Pickles encontrou o troféu em um jardim londrino e virou herói nacional. A taça estava embrulhada em jornais, e um suspeito foi preso.
Quatro anos depois, o Brasil conquistou o tricampeonato mundial e ficou com o troféu em definitivo. Em dezembro de 1983, a Jules Rimet foi roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro, e provavelmente acabou derretida por um comerciante de ouro argentino. Um detalhe anedótico ilustra essa triste história: a taça original estava exposta em um vitral que continha poucos requisitos de segurança, enquanto que a cópia “repousava” tranquilamente no cofre da confederação. O interessante é que dirigentes da Fifa não acreditam, até hoje, que o ouro foi derretido. De qualquer forma, o caso é uma mancha na memória esportiva brasileira.
Gostaria de compartilhar com vocês um disco raríssimo da final da Copa de 1958, entre Brasil e Suécia, que marcou a primeira conquista da seleção em Mundiais. Pedro Luiz e Edson Leite, da Rádio Bandeirantes, descrevem de forma magistral os lances do duelo final. Espero que gostem.