Agentes de IA podem potencializar capacidade humana e lidar com riscos ao mesmo tempo

A inteligência artificial (IA) já é parte integrante do nosso cotidiano, e agentes de IA estão prestes a transformar diversos setores, melhorar eficiências e enfrentar desafios sociais como os presentes em saúde e educação.
Os agentes de IA ainda estão em um estágio inicial de desenvolvimento, mas já vemos uma rápida evolução, saindo do campo de pesquisa para produção e uso prático.
À medida que esses agentes continuam a evoluir, pesquisas adicionais e colaboração entre diversos atores são essenciais para abordar questões de segurança, proteção e governança associadas a essa tecnologia.
Segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF), a IA já influencia aspectos como nossas compras e nossas comunicações. Entre as inovações mais impactantes nessa área estão os agentes de IA – sistemas autônomos capazes de perceber, aprender e agir sobre o ambiente. Eles têm o potencial de transformar setores, otimizar processos e enfrentar desafios complexos da sociedade, incluindo saúde e educação.
Leia também: “Agentes de IA não substituem pessoas, expandem capacidades”, diz VP da IBM Consulting
O que é um agente de IA?
Podemos entender um agente de IA como um sistema autônomo que percebe seu ambiente por meio de sensores, processa informações para tomar decisões e atua sobre o meio utilizando efetores, tudo com o objetivo de alcançar metas específicas.
Componentes centrais de um agente de IA incluem entradas de usuário (por exemplo, comandos ou dados), sensores (como câmeras ou acesso a bancos de dados), um centro de controle para tomada de decisões, e efetores que executam ações em ambientes físicos ou digitais.
Componentes centrais de um agente de IA
O conceito de agentes de IA evoluiu ao longo das décadas. Dos primeiros programas baseados em regras na década de 1950 até os sistemas autônomos complexos atuais, o progresso se deu principalmente graças a avanços em aprendizado de máquina e redes neurais, notadamente a partir dos anos 1990, quando a IA passou a processar conjuntos de dados maiores e lidar com maior incerteza.
Esse avanço foi acelerado recentemente pelos modelos de linguagem de grande porte (LLMs) e modelos multimodais (LMMs), que aumentaram a capacidade dos sistemas de IA em entender e gerar linguagem natural, abrindo caminho para o surgimento de agentes de IA mais capazes.
Agentes de IA avançados
Os desenvolvimentos atuais em agentes de IA frequentemente estão associados a LLMs ou LMMs, utilizados para resolver tarefas complexas que exigem mais autonomia e adaptabilidade.
A arquitetura desses agentes geralmente inclui um centro de controle que orquestra entradas do usuário, tomada de decisão, gerenciamento de memória e interação com ferramentas externas. Recursos como chain-of-thought” (CoT), que oferecem raciocínio passo a passo de forma transparente, e componentes de memória garantem continuidade e contexto, especialmente em operações como IA conversacional.
Principais componentes de agentes de IA avançados
Inovações recentes também estão ligadas ao conceito de sistemas multiagentes (MAS), nos quais agentes de IA independentes colaboram, competem ou negociam entre si para alcançar objetivos comuns. Esses sistemas multiagentes – como o nome sugere – contam com vários agentes especializados capazes de operar em paralelo, comunicar-se e se adaptar a ambientes dinâmicos. Isso permite resolver tarefas complexas com mais eficácia. A capacidade de interagir em linguagem natural aumenta a transparência nas interações.
Agentes de IA avançados e sistemas multiagentes podem integrar uma variedade de ferramentas, desde a recuperação de dados em tempo real até softwares de gerenciamento de projetos. Com a capacidade de aprender, planejar e agir de forma autônoma, esses agentes devem transformar diversos setores nos próximos anos.
Agentes de IA em ação
Ainda que em estágio inicial, o desenvolvimento e a experimentação rápida já estão levando os agentes de IA do campo de pesquisa para produção e uso real. Os fatores econômicos que impulsionam essa adoção incluem a automação de tarefas, o aumento da produtividade e a solução de lacunas de habilidades em áreas de alta demanda.
No desenvolvimento de software, por exemplo, agentes de IA já auxiliam na geração, teste e depuração de código, liberando desenvolvedores para tarefas mais complexas. Na saúde, agentes de IA podem melhorar diagnósticos, otimizar planos de tratamento e aliviar cargas de trabalho em áreas com recursos limitados. Chatbots com IA oferecem suporte ao cliente 24 horas por dia, melhorando a experiência do usuário.
Na educação, agentes de IA podem personalizar experiências de aprendizagem e auxiliar professores em tarefas administrativas. No setor financeiro, eles podem aprimorar a detecção de fraudes, otimizar estratégias de investimento e fornecer aconselhamento personalizado, analisando grandes conjuntos de dados e gerando insights acionáveis.
A autonomia dos agentes de IA também lhes permite abordar desafios abertos, contribuir para descobertas científicas e lidar com cenários incomuns que não se adequam a sistemas automatizados tradicionais. Essa adaptabilidade se estende ao ambiente físico, onde agentes de IA podem navegar e manipular objetos, oferecendo soluções inovadoras em áreas como logística e robótica.
Riscos e benefícios dos agentes de IA
Apesar do potencial transformador, os agentes de IA trazem desafios significativos nas dimensões técnica, socioeconômica e ética. Uma grande preocupação é que a crescente autonomia possa resultar em objetivos desalinhados ou comportamentos não intencionais.
Agentes de IA podem explorar falhas na programação (gaming), aplicar metas aprendidas de forma inadequada em novos contextos (má generalização) ou parecer alinhados durante testes, enquanto mantêm internamente outros objetivos (alinhamento enganoso).
Esses riscos se multiplicam em sistemas multiagentes, nos quais a comunicação e a coordenação são cruciais, porém difíceis, especialmente em ambientes dinâmicos ou críticos para a segurança. Além disso, o uso mal-intencionado da IA – como golpes automatizados ou ciberataques – reforça a necessidade de medidas de segurança robustas para evitar abusos.
Para enfrentar esses desafios, é necessária uma abordagem abrangente e sensível ao contexto. Garantir segurança e proteção implica testes rigorosos, medidas de transparência e monitoramento contínuo do comportamento dos agentes. Técnicas como a definição de limiares, gatilhos e alertas podem ajudar a detectar e mitigar falhas em tempo real.
Protocolos claros de interoperabilidade entre sistemas multiagentes também são essenciais para evitar falhas de comunicação e garantir operações confiáveis. Essas medidas devem ser acompanhadas de estruturas robustas de governança de dados, priorizando equidade, privacidade e responsabilidade.
Ao adaptar análises de risco ao contexto específico da aplicação – seja em áreas de alto impacto, como saúde, ou em ambientes de menor risco, como atendimento ao cliente – as partes interessadas podem implementar estratégias de mitigação eficazes que se alinhem ao propósito pretendido do agente de IA.
Novos usos para agentes de IA em ambientes digitais e físicos
A integração de agentes de IA na vida cotidiana está intrinsecamente ligada a novas formas de interação humano-computador, que provavelmente se intensificarão à medida que a adoção aumentar.
Práticas emergentes devem levar a interações mais personalizadas, dinâmicas e interativas, tanto em ambientes digitais quanto físicos, com casos de uso que vão de assistentes virtuais a robôs.
Em muitos aspectos, os agentes de IA tendem a potencializar a capacidade humana, oferecendo assistência em tarefas rotineiras e liberando as pessoas para se concentrarem em criatividade, trabalhos de maior valor agregado e maior interação interpessoal.
Para concretizar esse potencial e mitigar riscos, governos, líderes do setor e organizações internacionais precisam colaborar para estabelecer e aplicar as melhores práticas que guiem o desenvolvimento e a implementação ética dos agentes de IA. Isso inclui definir padrões de transparência, responsabilidade e outros critérios relevantes.
Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!