Os agentes de IA já estão redefinindo o mundo corporativo. Mas quem vai liderá-los?

por Fabio Camara
A inteligência artificial generativa (GenIA) deixou de ser uma promessa distante para se tornar protagonista nas estratégias corporativas. O impacto dessa tecnologia é visível. As discussões a respeito já permeiam decisões em diferentes setores, abordando desde inovação à ética. E o cenário é claro: as empresas que querem prosperar não podem apenas adotar a solução – precisam liderá-la.
Os chamados agentes de IA – sistemas de inteligência artificial autônomos capazes de agir proativamente – marcam essa nova fase. Mais do que automatizar tarefas, os agentes interpretam dados, sugerem ações e tomam decisões em tempo real. A evolução é tão rápida que, segundo a PwC, companhias que dominarem a aplicação prática da IA verão ganhos expressivos de produtividade já em 2025.
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Mas o que significa estar pronto para esse movimento?
Preparar-se vai além da adoção. Implica rever processos, redesenhar modelos de negócio e, principalmente, criar uma cultura que equilibre inovação com responsabilidade. Quem estiver à frente na capacidade de orquestrar múltiplos agentes de IA – em marketing, vendas, RH e TI – terá uma vantagem competitiva decisiva.
Um exemplo dessa necessidade de gerenciamento já começa a aparecer em iniciativas como o Maestro AI – plataforma de coordenação de múltiplos agentes de IA especializados que atuam em conjunto para resolver tarefas complexas. Em vez de utilizar uma IA única e genérica, distribui-se o trabalho entre agentes focados, integrando suas ações para maior eficiência.
Essa nova realidade provoca mudanças profundas na governança corporativa. A pergunta já não é apenas como implementar IA, mas quem lidera os agentes. RH, TI, Negócios? Quem define as regras? Quem audita as decisões? Sem diretrizes claras, há um enorme risco desses agentes se tornarem “caixas pretas” fora de controle, o que pode proporcionar impactos reputacionais severos.
Alguns casos recentes reforçam a urgência dessa governança. O uso de deepfakes para fraudar sinistros em seguradoras, com imagens falsas de acidentes, já é realidade. Agentes de IA também estão sendo usados para criar vídeos de líderes políticos, de forma a influenciar percepções e decisões públicas. Sem a supervisão adequada, esses sistemas podem cometer erros graves, tomar decisões fora de contexto e gerar consequências negativas às marcas.
No ambiente interno, a presença dos agentes de IA altera a dinâmica do trabalho. Novas funções emergem, como Agent Managers e Prompt Engineers – profissionais responsáveis por supervisionar, treinar e orientar agentes de IA. A Microsoft, por exemplo, afirma que, em um futuro próximo, “todos seremos chefes de agentes de IA”. Essa transformação exige requalificação da força de trabalho e uma gestão de cultura ativa para que a inovação não gere exclusão, mas empoderamento.
Outro ponto crítico é a transparência. Segundo diretrizes da IBM sobre Trustworthy AI Agents, será fundamental que as empresas consigam auditar as decisões dos seus sistemas autônomos, garantindo que estejam em conformidade com normas éticas e regulatórias que começam a se consolidar em diversas regiões do mundo.
A mensagem é contundente: a adoção de agentes de IA é inevitável. As empresas que conseguirem integrar tecnologia, governança e cultura estarão mais preparadas para liderar o futuro. Aquelas que não se prepararem correm o risco de ser lideradas por sistemas que não compreenderem – ou, pior, perderem sua relevância.
Se você não liderar os agentes de IA da sua empresa, alguém – ou algo – fará isso por você.