América Latina e Caribe têm 72 milhões sem acesso à internet de qualidade

As áreas rurais na América Latina e no Caribe ainda sofrem com a falta de acesso e serviços de internet de alta qualidade. Segundo estudo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), pelo menos 72 milhões de moradores de áreas rurais da região não tem acesso à Internet com os padrões mínimos de qualidade.

A pesquisa “Conectividade Rural na América Latina e no Caribe: Situação atual, desafios e ações para alcançar a digitalização e o desenvolvimento sustentável”, também contou com o apoio do Banco Mundial, da Bayer, do CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, da Microsoft e da Syngenta.

Em comparação a 2020, o acesso a uma conectividade rural significativa aumentou 12%. Na ocasião aproximadamente 77 milhões de pessoas não tinham acesso a esse serviço vital. Apesar da melhoria, os números contrastam ainda mais quando se compara com a conectividade em áreas urbanas.

Atualmente, 79% da população urbana tem acesso a serviços de conectividade significativos, em oposição a apenas 43,4% de suas contrapartes em áreas rurais. Embora o acesso a serviços significativos de conectividade rural tenha melhorado em comparação com o relatório de 2020, a lacuna urbano-rural aumentou 2 pontos percentuais, subindo para 36%.

Potencial perdido

O estudo destaca que esse gargalo de conectividade urbano-rural prejudica o potencial social, econômico e produtivo das áreas rurais, que desempenham um papel estratégico na garantia da segurança alimentar e nutricional global. O Brasil, ao lado de outros países, que incluem Argentina, Barbados, Bahamas, Belize, Costa Rica, Chile, Panamá, Trinidad e Tobago e Uruguai,  representam 24% da mostra da população rural, são os 10 países que compõem o cluster de conectividade rural significativa de alto nível.

Dos países desse grupo, os que apresentaram o maior progresso em relação aos números de 2020 foram Barbados e Belize, onde a porcentagem de moradores rurais com acesso a conectividade significativa mais do que dobrou. A porcentagem de habitantes rurais com acesso à conectividade significativa também melhorou significativamente na Argentina, Costa Rica, Trinidad e Tobago e Uruguai, aumentando perto ou em mais de 30%.

Sandra Ziegler, pesquisadora do IICA que liderou o estudo, lembra que superar a lacuna de conectividade e habilidades digitais nas áreas rurais requer políticas públicas, envolvimento do setor privado e cooperação internacional para resolver a situação atual. “Embora os países da região estejam tomando medidas para atualizar os marcos regulatórios e desenvolver agendas e políticas digitais, eles não conseguiram implementar soluções em larga escala, uma vez que enfrentam necessidades consideráveis em relação aos seus investimentos em infraestrutura. Grande parte do progresso alcançado até agora tem sido passageiro, então há o risco de que quaisquer conquistas possam ser perdidas”, reforça.

Joaquín Arias Segura, que co-liderou o estudo, destaca a correlação entre a conectividade e seu impacto econômico. “Melhorar e investir em conectividade ajudará a impulsionar o crescimento econômico dos países. Há evidências da correlação positiva entre o uso de infraestrutura e o Produto Interno Bruto (PIB). A conectividade, o desenvolvimento das redes móveis e o investimento em sua sustentabilidade e subsequente expansão contribuem de forma valiosa para a recuperação econômica pós-pandemia e o desenvolvimento regional”, disse o especialista técnico internacional do IICA.