Após suspender a importação de camarão do Equador, ministério apaga anúncio das redes sociais

Após uma semana de impasse com o CEO do Carrefour sobre o questionamento da carne brasileira, os ministérios da Agricultura e da Pesca decidiram suspender, a partir da próxima segunda-feira, a importação de camarão do Equador. De acordo com informações, a decisão foi baseada em um relatório técnico elaborado pela área de defesa agropecuária do governo brasileiro após auditoria para avaliar as condições sanitárias da produção equatoriana.
O anúncio foi feito atrás das redes sociais e do portal oficial do Ministério e logo retirado do ar. O titular desta coluna apurou que a decisão recebeu críticas dentro do próprio ministério da Agricultura e em ala do Palácio do Planalto. Membros do MAPA avaliaram que, se o camarão equatoriano fosse impedido de entrar no Brasil por questões técnicas, estaria dentro de uma conformidade; porém, não, o anúncio não poderia veicular que os ministros se comprometeram a “adotar medidas estratégicas para proteger a cadeia produtiva agrícola brasileira” com o fim das importações de camarão do Equador.
Na visão de um nome ouvido por esta coluna, a forma do anúncio pegou mal e passou um tom que realmente o mercado foi fechado para proteger. Em um vídeo também excluído das redes, o ministro André de Paula subiu o tom contra o mercado do Equador. “Não é justo que a gente tenha tanto rigor com a nossa produção e aceite que produtos que vêm de fora não cumpram essas mesmas exigências”, afirmou André de Paula.
Fontes ouvidas por esta coluna revelaram que o governo comete o mesmo erro do Carrefour ao anunciar uma medida sem um diálogo e, se fosse necessário, melhorar a qualidade do produto, primeiro iniciasse um diálogo ou alerta antes de anunciar a suspensão. Uma outra fonte também ouvida após o anúncio reforçou que o Brasil tem o compromisso internacional incorporado por lei de só impor barreiras justificadas.
E esse é o compromisso cobrado de todos os outros países. Integrantes do governo ainda relembram que foi com base nisso que o governo federal conseguiu abrir cerca de 200 mercados este ano. “A batalha por abrir mercados é incongruente com o fechamento intencional”, completou. Os anúncios foram retirados das contas públicas, mas a medida segue valendo. O governo teme que o anúncio possa ser interpretado como uma barreira por motivos políticos e sofrer questionamentos no âmbito internacional. O Equador é o maior exportador de camarões para o Brasil.
Em 2023, foram importados 739,8 mil quilos do crustáceo equatoriano, com valores de US$ 5,9 milhões. O montante representa mais de 80% das importações do produto, que foram de 884,8 mil quilos e US$ 7 milhões no ano passado. Neste ano, até outubro, o comércio aumentou. Foram importados 928 mil quilos de camarões do Equador, negócios de US$ 7,2 milhões. No geral, incluindo outros países, o Brasil importou 2 milhões de quilos do crustáceo, que movimentaram US$ 16,5 milhões. No período, cresceu a compra do produto argentino.