Bertozzi: Nuvem soberana – a revolução silenciosa na gestão pública brasileira

Raphael Bertozzi, CTO para setor público da Huawei Cloud Latam

Por Raphael Bertozzi * – A digitalização do setor público brasileiro tem avançado de forma consistente nos últimos anos. Um marco importante desse processo foi a criação da Infraestrutura Nacional de Dados (IND) e da nuvem de governo — ambiente dedicado ao armazenamento e processamento de informações públicas com segurança, escalabilidade e soberania. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) impulsiona essa transformação, com investimentos de R$ 23 bilhões até 2028.

Embora o governo federal tenha liderado essa transformação, o próximo passo é ampliar essa infraestrutura para estados e municípios, considerando suas diferenças e limitações. A diversidade entre as regiões brasileiras ainda representa um desafio para a adoção de tecnologias avançadas, especialmente em localidades com menos recursos técnicos ou orçamentários.

Soluções padronizadas e interoperáveis estão se mostrando eficazes para acelerar essa transição digital. O catálogo de serviços da nuvem de governo, ainda em desenvolvimento, permitirá que estados e municípios acessem plataformas tecnológicas com contratos simplificados, conformidade legal e suporte técnico especializado – democratizando o acesso à transformação digital no setor público.

O mercado de nuvem soberana está em franca expansão. Segundo a International Data Corporation (IDC), os gastos globais devem chegar a US$ 258,5 bilhões até 2027, com crescimento anual de 26,6%. Na Europa, essa tendência se fortalece com políticas públicas que priorizam soluções capazes de garantir controle total sobre os dados – reforçando a importância da soberania digital para governos. A nuvem soberana assegura que dados sensíveis permaneçam no país, eliminando riscos de transferência internacional. Essa infraestrutura é vital para aplicações de inteligência artificial (IA) em saúde e segurança, previstas no PBIA.

No Brasil, iniciativas vinculadas ao PBIA já revelam o potencial dessa transformação, com aplicações concretas em automação de processos e análise de dados governamentais. A IA, aliada à nuvem, só alcança seu real impacto quando baseada em dados integrados, confiáveis e acessíveis.

As telecomunicações têm um papel estratégico nesse cenário, trazendo sua experiência em infraestrutura crítica, conformidade regulatória e escala global. A construção de um ecossistema digital soberano depende da articulação entre setor público e empresas de tecnologia com presença local e compromisso de longo prazo.

A nuvem soberana não é apenas uma tendência — mas uma necessidade para garantir segurança, eficiência e inovação na gestão pública. É o alicerce da nova era digital do Estado brasileiro, e precisamos conduzir essa transição com responsabilidade, estratégia e visão de futuro.

 

* Raphael Bertozzi é CTO para o setor público da Huawei Cloud Latam

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