Bolsonaro é um dos grandes vencedores das eleições municipais

Fala-se muito que o Centrão foi o grande vencedor das eleições municipais. Os partidos mais identificados com o Centrão – menos ideológicos e que migram da direita à esquerda, conforme os interesses e o poder de turno – foram os que mais fizeram prefeituras. PSD ganhou em 891, seguidos de MDB (864), PP (752), União (591) e PL (517). Em número de capitais, PSD e MDB fizeram 5 cidades, seguidos de PL e União Brasil, com 4 prefeituras cada um. Se o critério for número de prefeitos eleitos em cidades com mais de 200 mil habitantes, o PL é o campeão, seguido de PSD (15), União (14), MDB (12). 

Chama a tenção que nos três critérios – número de cidades, municípios com mais de 200 mil habitantes e capitais – o PL foi bem. Muitos vão dizer que esse desempenho do partido decorre do “PL Centrão”, do PL Valdemar, e menos do “PL ideológico”, do PL Bolsonaro. É verdade que o PL elegeu muita gente por conta dos acessos ao fundo partidário e eleitoral, uma vez que é o maior partido da Câmara dos Deputados (95 parlamentares). É justamente aí que entra Bolsonaro. Será que, sem Bolsonaro, o PL teria eleito tantos deputados na eleição de 2022? 

A resposta é evidentemente “não”. O crescimento do PL em número de deputados – e, portanto, em verbas, fundamentais para eleger prefeitos – decorre do fato que Bolsonaro ter elegido muito parlamentar em 2022. Não só em 2022 Bolsonaro foi relevante, mas também ajudou a eleger prefeitos em várias cidades em 2024. Mesmo nas capitais em que a direita perdeu, Bolsonaro foi bem. Em Fortaleza, André Fernandes, identificado com o bolsonarismo, perdeu por muito pouco. Apesar da derrota, o jovem deputado carimbou seu nome no plano nacional como como um dos futuros líderes da direita. 

Em Curitiba, Cristina Graeml,  em um partido minúsculo (PMB), conseguiu ir ao 2º turno, sem verba e estrutura, e deu trabalho ao poderoso PSD, que contou com o apoio de figuras fortes e prestigiadas como Deltan Dallagnol. Nem é preciso dizer que Graeml é identificada com a direita e com Bolsonaro. Em São Paulo, foi um pouco diferente. Embora Ricardo Nunes (MDB) tivesse o apoio formal de Bolsonaro, quem fez diferença para o atual prefeito foi o governador Tarcísio de Freitas. No entanto, Tarcísio de Freitas também foi cria de Bolsonaro. 

Em resumo, Bolsonaro ajudou a eleger muita gente, direta ou indiretamente, seja porque entrou em campo, seja porque ainda carrega a força eleitoral de 2022. Se ele se tornar elegível, é o nome da direita para 2026. Caso continue inelegível, tem Tarcísio, Caiado e Zema no banco de reservas. O avanço da centro direita e da direita, bem como o desempenho pífio das esquerdas nas eleições municipais, mostra que Bolsonaro, mesmo perdendo e se tornado inelegível, continua sendo uma grande força na política no país.