Brasil e Peru já se enfrentaram duas vezes na história das Copas, e Tostão foi o destaque do duelo no Mundial de 1970 

Como hoje tem jogo da seleção pelas eliminatórias da Copa de 2026 contra o Peru, quero aproveitar o “Memória da Pan” para relembrar um dos dois confrontos entre as equipes em mundiais. Em 1970, o time, comandado por Mário Jorge Lobo Zagallo vinha de três vitórias na primeira fase: Tchecoslováquia (4×1), Inglaterra (1×0) e Romênia (3×2). O Brasil enfrentou os peruanos pelas quartas de final da competição, em Guadalajara, no México. Para o primeiro duelo de mata-mata da Copa, Rivellino e Gérson estavam de volta, depois de superarem problemas físicos. Como destaquei na coluna de ontem, Didi, bicampeão mundial pelo Brasil (1958 e 1962), comandava o Peru, e o grande jogador da equipe era Cubillas. Abaixo, os dados da partida: 

BRASIL 4 x 2 PERU – Guadalajara – 14.06.70

Brasil: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Marco Antônio; Clodoaldo, Gérson (Paulo Cézar), Jairzinho (Roberto Miranda), Tostão, Pelé e Rivellino. Técnico: Zagallo
Peru: Rubiños, Campos, Fernandez, Chumpitaz e Fuentes; Ramón Mifflin, Baylón (Sotil) e Cubillas; Gallardo, Challe e León (Eladio Reyes). Técnico: Waldir Pereira (Didi)
Árbitro: Vital Loraux (Bélgica)
Gols: Rivellino (11), Tostão (15) e Gallardo (28) no primeiro tempo. Tostão (7), Cubillas (24) e Jairzinho (31) na etapa final
Público: 54.000

O duelo, no Estádio Jalisco, foi marcado pela boa atuação de Tostão, artilheiro do Brasil nas eliminatórias, com dez gols. Contra o Peru, marcou os dois únicos dele no Mundial. O “mineirinho de ouro” jogou a Copa de 70 à frente dos zagueiros, longe da bola, sacrificado pelo esquema tático de Zagallo. Entretanto, teve um papel fundamental. Ele abria espaços, orientava o ataque e dava incontáveis passes para os gols da seleção. Contra a Itália, na final, coube a Tostão anular o líbero.

O camisa 9 temia não jogar a Copa, pois, em 1969, sofreu um deslocamento na retina, durante uma partida contra o Corinthians. Com muita dedicação, Tostão se superou e foi uma peça importante na conquista do tricampeonato mundial. A medalha de ouro dele ficou com o médico Roberto Abdalla Moura que o operou em Houston, nos Estados Unidos. A seleção brasileira venceu os peruanos por 4 a 2 e garantiu vaga na semifinal, contra o Uruguai. O cronista pernambucano Nelson Rodrigues elegeu Tostão como o personagem da semana:

“(…) Os gols que perdemos são incontáveis. Dois lances geniais de Pelé explodiram na trave. (…) Mas falo, falo e não digo uma palavra sobre meu personagem da semana. Vamos dar-lhe nome: Tostão. Foi uma enorme figura. Marcou dois gols e foi um criador de jogadas maravilhosas. (…) Mas o que eu queria chamar atenção de vocês é para o abnegado e formidável esforço de Tostão. Saído de uma crise vital, aceita todos os riscos para servir ao escrete. De quinze em quinze minutos seu futebol cresce. Está entre os cinco ou seis maiores jogadores do mundo em todos os tempos. Como influiu para a nossa vitória sobre o Peru! Fez uma série de coisas perfeitas e irretocáveis. Já na semifinal da quarta-feira, espero que ele apareça em estado de graça plena (…)”.

Ouça no link abaixo a íntegra da partida na transmissão feita, em conjunto, pela Jovem Pan, Bandeirantes e Nacional de São Paulo. Narração de Pedro Luiz (primeiro tempo) e de Fiori Gigliotti (etapa final).

Além do duelo inesquecível de 1970, Brasil e Peru se enfrentaram na segunda fase da Copa de 1978, na Argentina, com vitória nacional por 3 a 0. Os gols foram marcados por Dirceu (2) e Zico.