Brasil importa 60% dos dados que consome e aposta no ReData para mudar esse cenário
O assessor especial do Ministério da Fazenda, Igor Marchesini, afirmou que o Brasil hoje depende da importação de dados para suprir seu consumo digital. “A decisão econômica racional das empresas acaba sendo importar dados da Virgínia, nos Estados Unidos. Hoje, 60% dos dados consumidos no Brasil vêm de fora”, disse ele, em evento da Brasscom realizado na Fiesp, em São Paulo.
A avaliação foi feita durante evento sobre infraestrutura digital, no qual Marchesini detalhou a lógica por trás do novo regime fiscal ReData, voltado à atração de investimentos em data centers. Segundo ele, o objetivo do governo é garantir soberania digital e criar um ecossistema nacional de processamento de dados.
“A prioridade número um do governo é trazer soberania. Se um cabo for cortado, o SUS para, o Pix para. Isso mostra o quanto estamos vulneráveis”, alertou.
Receita futura deve compensar desoneração
Marchesini afirmou que a arrecadação prevista com os novos projetos incentivados pelo ReData deve superar, já em 2026, todo o volume de tributos recolhido do setor de data centers em 2024.
“A construção do data center tem uma vida útil de 30 anos, diferente do resto da TI embarcada, que se reinventa a cada quatro”, disse, explicando porque o ReData prevê isenção para a importação de equipamentos. “Posso garantir que em 2026 a arrecadação será maior do que foi a de 2024 com o setor de data centers”, declarou.
Para o assessor, a desoneração inicial sobre o Capex será compensada também por um efeito multiplicador no ecossistema, que inclui bancos, indústria, agronegócio e logística. Ele também apontou que o governo estuda usar o poder de compra do setor público, para ativar o mercado de nuvem e IA no Brasil. Lembrou que apenas o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial prevê investimentos totais, entre setores público e privado, de R$ 23 bilhões.
E acrescentou que o ReData é apenas o primeiro passo de uma política ampla para o setor de data centers. “Estamos tirando a incerteza tributária. O ReData é o começo dessa política. O objetivo é fazer com que quem está dentro do país tenha mais confiança, e quem está fora, queira vir para cá”, concluiu.
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