Brasileiros relatam clima desesperador com terremoto que devastou a Turquia: ‘Não parecia real’

A baiana Leandra Cristina mora há dois meses em Adana, cidade no sul da Turquia. A região foi uma das mais afetadas pelo pelo terremoto de magnitude 7,8, que deixou mais de 2.500 mil mortos na Turquia e na Síria. “Eu estava dormindo no quarto com meu esposo e meus filhos estavam também em suas camas. De repente, eu vi a cama começar a balançar. Como eu nunca tinha vivenciado um terremoto antes, achei que eram as crianças que haviam acordado e estavam mexendo na cama para chamar atenção. Eu voltei a deitar mas o tremor continuou. Depois vi as janelas e as portas tremendo. Eu e meu marido acordamos e nos levantamos. Eu mantive a calma para passar tranquilidade para meus filhos. Parecia que eu estava sonhando, que não foi nem real. Começamos a descer as escadas para debaixo do prédio. Graças a Deus, não houve vítimas, nem desmoronamento por se tratar de um prédio novo. A maioria dos moradores desceram e ficaram dentro dos carros, pelo menos de 4h às 7h. Depois fui para casa da minha sogra. Logo após, recebi um anúncio no meu celular que estava vindo outro terremoto de 6.1. Foi um desespero. Tremeu bastante. Nos abaixamos e tentamos nos manter calmos. Fomos para o lado de fora e até agora não voltamos para casa. Meu marido, que é turco, disse que nunca tinha vivido um terremoto em Adana. Foi um fato inusitado e diferente, que nunca pensei presenciar. Estamos aguardando o pronunciamento das autoridades para saber os próximos passos. Mas, por enquanto, estamos todos seguros”, relata.

Já Suellen Kaya mudou-se para a Turquia há pouco mais de um ano. Casada com um turco e mãe de uma criança de 4 anos, ela também vive em Adana e foi pega de surpresa pelo terremoto. “Às 4h da manhã, todos dormiam. Acordei com o prédio balançando. Moro no 5° andar de um prédio de 17 andares. Foi um pesadelo real. Eu dei um pulo da cama e já me joguei por cima da minha filha para protegê-la. Ela dormia em uma cama ao lado da minha e lembro que só pedia a Deus para nos ajudar. Realmente pensei que era o fim, estava certa de que o prédio iria desabar em nossas cabeças. Quando o tremor parou, pegamos uma coberta para minha filha, a carteira e descemos para pegar o carro e sair de perto dos prédios. Tudo isso em 2 minutos mais ou menos. Ficamos cerca de duas horas na rua, mas está muito frio, então é impossível permanecer lá. Depois fomos para a casa dos avós da minha filha porque é mais seguro por ser casa térrea. Estamos atentos a qualquer tremor, preparados para correr para a rua. Todos muito tristes porque muitas pessoas não sobreviveram. Ainda tem previsão de acontecer mais um terremoto hoje. Segundo as autoridades, será tão forte quanto o primeiro”, revela. O sentimento atual de Suellen é de desespero, segundo conta. Apesar de gostar de viver na Turquia, ela revela que não quer mais permanecer no país após o ocorrido. “Eu preciso voltar para o meu país. Não sei como, mas vou. Estou desesperada, sem saber o que fazer e sem poder sair por enquanto. O susto foi absurdamente grande”, afirma.

Suellen e Leandra são duas uma das milhares de pessoas impactadas pelo terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o sudeste da Turquia e o norte da Síria, deixando mais de 2,5 mil mortos e milhares de feridos. O impacto do tremor foi tão grande que reverberações foram sentidas na Groenlândia. O tremor foi sentido às 4h17 do horário local (22h17 de domingo, no horário de Brasília) e ocorreu a uma profundidade de 17,9 quilômetros, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês). O epicentro foi localizado no distrito de Pazarcik, na província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, a cerca de 60 km da fronteira com a Síria. Um novo terremoto de magnitude 7,5 atingiu a região às 13h24 (7h24 no horário de Brasília), quatro quilômetros a sudeste da cidade de Ekinozu, de acordo com o USGS. Também houve cerca de 50 tremores secundários. Os tremores do terremoto foram sentidos até na Groenlândia, de acordo com o Instituto Geológico Dinamarquês. Devido ao horário do terremoto, de madrugada, a maioria das pessoas estava dormindo em suas casas.