Brics: Quais tecnologias esses países podem compartilhar?

Os países do Brics+ (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) formam um bloco de economias emergentes com grande potencial para promover um desenvolvimento tecnológico coletivo. Cada país possui habilidades e inovações únicas que, quando combinadas, fortalecem a posição global do grupo, criando oportunidades de crescimento e independência econômica. Com áreas de expertise que variam de biotecnologia agrícola e energia limpa a tecnologias de segurança digital e inteligência artificial, o Brics+ representa um esforço conjunto para reduzir a dependência de mercados externos e fomentar um cenário mais inclusivo e sustentável no campo da ciência e tecnologia. Este artigo explora as tecnologias que cada nação pode compartilhar e como essa colaboração pode beneficiar o grupo e além.

  • Brasil: O Brasil se destaca mundialmente na produção de biocombustíveis, especialmente com o etanol, e é líder em práticas agrícolas sustentáveis. A expertise brasileira em biomassa e energia limpa é de grande valor para os demais países do Brics+, especialmente para aqueles que buscam fontes renováveis para diversificar suas matrizes energéticas. Além disso, o Brasil domina tecnologias de manejo sustentável de solos e biotecnologia agrícola que otimizam a produtividade com menor impacto ambiental. Em contrapartida, o Brasil pode se beneficiar com a importação de tecnologias avançadas em automação e saúde digital para modernizar seu sistema de saúde e aumentar a eficiência industrial​.
  • Rússia: A Rússia é uma potência em tecnologias espaciais e de segurança cibernética, além de estar na vanguarda do desenvolvimento de blockchain para transações digitais e de defesa. O país pode exportar suas tecnologias de segurança, que são altamente valorizadas em um contexto global de crescente demanda por proteção digital. Adicionalmente, a Rússia possui um conhecimento avançado em biotecnologia agrícola, com foco em práticas de conservação de solo, que podem beneficiar os parceiros do Brics em suas metas de sustentabilidade. Em troca, a Rússia está interessada em importar tecnologias renováveis para ampliar suas alternativas energéticas, uma necessidade urgente devido à sua dependência de hidrocarbonetos​
  • Índia: A Índia é reconhecida por sua capacidade de desenvolvimento de software e soluções de baixo custo em saúde digital e educação, áreas nas quais o país se destaca como fornecedor global. Com uma população vasta e jovem, a Índia tem investido pesadamente em startups tecnológicas e pode compartilhar com seus parceiros do Brics+ suas soluções em telemedicina e infraestrutura de educação remota, que são altamente replicáveis em economias em desenvolvimento. Em contrapartida, a Índia busca importar infraestrutura de rede 5G e tecnologias de automação, setores em que a China possui liderança, para apoiar o crescimento urbano e digital do país.
  • China: A China é a principal produtora de painéis solares e tecnologia 5G, tornando-se uma referência global em energia renovável e infraestrutura digital. O país tem uma forte presença na fabricação de tecnologias limpas e pode fornecer aos demais membros do Brics soluções para reduzir as emissões de carbono e expandir a conectividade digital. Além disso, o domínio chinês no mercado de eletrônicos e automação industrial posiciona o país como um parceiro essencial para a modernização dos sistemas de manufatura dos Brics+. Em troca, a China também pode importar métodos e tecnologias sustentáveis de manejo agrícola do Brasil e da Rússia para enfrentar seus desafios ambientais e de segurança alimentar​
  • África do Sul: A África do Sul é conhecida por sua base diversificada de recursos naturais e uma sólida indústria de mineração, sendo um importante exportador de tecnologias para extração sustentável e processamento de minerais. Essas tecnologias são essenciais para a produção de componentes eletrônicos e baterias, que apoiam o crescimento de setores de alta tecnologia no Brics+. Além disso, a África do Sul possui experiência em tecnologias médicas que podem beneficiar países com sistemas de saúde em desenvolvimento. Em troca, o país busca importar energia renovável e tecnologias médicas, como telemedicina, especialmente de China e Índia, para aumentar a acessibilidade e a qualidade dos serviços essenciais à sua população​

A colaboração entre os países do Brics+ no compartilhamento de tecnologias representa uma estratégia para impulsionar o desenvolvimento de áreas como sustentabilidade, saúde digital, infraestrutura e segurança cibernética. Ao unir suas forças e promover uma troca de conhecimento orientada por suas competências específicas, esses países não apenas fortalecem suas economias internas, mas também estabelecem um novo modelo de desenvolvimento tecnológico com alcance global. A sinergia entre o capital intelectual e os recursos tecnológicos de cada país é uma oportunidade para criar uma economia mais equilibrada e menos dependente das grandes potências tradicionais, consolidando o Brics+ como um bloco de inovação e prosperidade para o futuro.

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