China anuncia medidas contra Google e outras empresas dos EUA em meio à escalada das tensões comerciais

Imagem de um smartphone exibindo o logotipo do Google na tela, segurado por uma mão, com a bandeira da China ao fundo. A composição sugere uma relação entre o Google e a China.

A China anunciou nesta terça-feira (4) uma série de medidas contra empresas norte-americanas, incluindo o Google, fabricantes de equipamentos agrícolas e a proprietária da marca de moda Calvin Klein, minutos após novas tarifas dos EUA sobre produtos chineses entrarem em vigor.

Segundo informações da Reuters, Pequim também impôs tarifas sobre produtos norte-americanos como carvão, petróleo e alguns automóveis, em resposta rápida às novas tarifas sobre produtos chineses impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, aumentando as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

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Google é suspeito de violar antimonopólio do país

A Administração Estatal para Regulação do Mercado da China informou que o Google é suspeito de violar a lei antimonopólio do país e que uma investigação foi iniciada de acordo com a legislação. O órgão não forneceu mais detalhes sobre a investigação ou sobre quais infrações o Google teria cometido.

Os produtos do Google, como seu mecanismo de busca, são bloqueados na China, e sua receita no país representa cerca de 1% das vendas globais. No entanto, a empresa ainda colabora com parceiros chineses, como anunciantes.

Em 2017, o Google anunciou a abertura de um pequeno centro de inteligência artificial (IA) na China, mas o projeto foi encerrado dois anos depois. Atualmente, a empresa não conduz pesquisas de IA no país, segundo uma postagem em seu blog.

Separadamente, o Ministério do Comércio da China colocou a PVH Corp (PVH.N), empresa controladora de marcas como Calvin Klein e Tommy Hilfiger, e a empresa norte-americana de biotecnologia Illumina (ILMN.O) na sua lista de “entidades não confiáveis”.

De acordo com o governo chinês, ambas as empresas adotaram “medidas discriminatórias contra empresas chinesas” e “prejudicaram os direitos e interesses legítimos das companhias chinesas”.

As empresas adicionadas à lista negra podem enfrentar multas e uma ampla gama de sanções, incluindo restrições comerciais e a revogação de permissões de trabalho para funcionários estrangeiros.

O Google se recusou a comentar o caso. PVH e Illumina não responderam aos pedidos de comentário feitos fora do horário comercial dos EUA.

A PVH já estava sob escrutínio dos reguladores chineses por supostas condutas “inadequadas” relacionadas à região de Xinjiang.

“As medidas da China são um aviso de que o país está disposto a prejudicar interesses dos EUA se necessário, mas ainda mantém a opção de recuar”, afirmou a consultoria Capital Economics em nota divulgada pela Reuters.

“A imposição das tarifas pode ser adiada ou cancelada antes de sua entrada em vigor… A investigação contra o Google pode ser encerrada sem penalidades.”

Tesla e fabricantes de equipamentos agrícolas

A China também anunciou tarifas de 10% sobre importações de equipamentos agrícolas dos EUA, o que pode afetar empresas como Caterpillar, Deere & Co e AGCO, além de um pequeno número de caminhões e sedãs com motores de grande porte exportados dos EUA para a China.

Isso pode impactar o Cybertruck, veículo da Tesla, promovido na China enquanto aguarda autorização regulatória para iniciar as vendas.

Em dezembro, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China classificou o Cybertruck como um “carro de passageiro” em um comunicado que foi rapidamente removido. Se o veículo for oficialmente designado como um caminhão elétrico, a Tesla enfrentará uma tarifa de 10% sobre futuras importações vindas de sua fábrica no Texas.

A Tesla não comentou o caso até o momento à Reuters.

As novas tarifas chinesas sobre produtos norte-americanos entrarão em vigor em 10 de fevereiro, segundo o ministério.

As medidas anunciadas nesta terça-feira (4) ampliam as restrições comerciais entre Pequim e Washington, que, até então, estavam amplamente limitadas ao setor de tecnologia sob a administração do ex-presidente Joe Biden, que buscava restringir o acesso da China a semicondutores avançados.

Em dezembro, a China anunciou uma investigação contra a Nvidia por suspeita de violação da lei antimonopólio do país, movimento amplamente visto como uma retaliação às recentes restrições dos EUA ao setor de chips chinês.

No final do ano passado, produtos da Intel vendidos na China também foram submetidos a uma revisão de segurança por um influente grupo da indústria chinesa.

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