China censura conteúdos sobre tarifas nas redes sociais


Maioria das buscas por ‘tarifa’ ou ‘104’, em referência à nova alíquota dos EUA para o país, foi bloqueada na rede social chinesa Weibo. Mensagens no WeChat que destacavam impacto negativo do tarifaço de Trump foram derrubadas. Rede social chinesa Weibo
Reuters/Florence Lo
A China começou a censurar nesta quarta-feira (9) alguns conteúdos relacionados a tarifas em redes sociais, depois que as taxas “recíprocas” dos Estados Unidos sobre dezenas de países entraram em vigor, incluindo tarifas de 104% sobre produtos chineses.
Hashtags e buscas por “tarifa” ou “104” foram, em sua maioria, bloqueadas na rede social chinesa Weibo, com páginas mostrando uma mensagem de erro.
Enquanto isso, publicações que criticavam os EUA eram as mais acessadas no país. Hashtags que sugerem que os EUA estão com escassez de ovos ficaram entre as mais vistas no Weibo, incluindo uma criada pela emissora estatal chinesa CCTV.
Em publicação no Weibo, a CCTV disse que os americanos estão “agitando a bandeira tarifária de forma ostensiva, impondo tarifas sobre os produtos de aço e alumínio da União Europeia”, mas também estão “escrevendo cartas aos países europeus em voz baixa, pedindo ovos com urgência”.
A censura também se estendeu ao aplicativo de mensagens WeChat, onde muitas publicações de empresas chinesas que destacavam o impacto negativo do tarifaço foram retiradas da plataforma, segundo uma análise da Reuters.
As publicações censuradas foram todas marcadas com o mesmo rótulo afirmando que o “conteúdo era suspeito de violar leis, regulamentos e políticas relevantes”.
Por outro lado, proliferaram nas redes sociais comentários que retratam os EUA como um parceiro comercial globalmente irresponsável, enquanto a China se prepara para uma luta comercial mais ampla contra a maior economia do mundo.
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Grande Firewall
A China controla a internet com um sistema conhecido como “Grande Firewall”. As publicações nas redes sociais são rotineiramente censuradas quando consideradas prejudiciais aos interesses do país.
Plataformas estrangeiras, como Instagram e X, são bloqueadas, em um sistema que criou um mercado cativo para alternativas nacionais.
A China pode ser substituída por países como Vietnã e Índia na produção para os EUA, de acordo com o advogado Pang Jiulin, de Pequim. Ele diz que, diante da posição americana, a China não tem outra saída a não ser “lutar até o fim”.
Mas destaca que, com a decisão da China de aumentar as tarifas para produtos dos EUA, “os chineses pagarão um preço maior por seus produtos norte-americanos favoritos”, como aparelhos da Apple e carros da Tesla.
As ações chinesas caíram 7% na segunda-feira (7), com o Índice Composto de Xangai registrando seu pior dia em cinco anos. Nesta quarta-feira (9), elas fecharam em alta, impulsionadas por promessas estatais de apoio aos mercados locais.
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