Computação quântica vive boom, mas aplicação ainda está distante

A computação quântica está ganhando força entre os maiores nomes da tecnologia e governos globais. Google, Microsoft, Amazon, IBM e até o governo dos EUA estão injetando milhões de dólares na esperança de alcançar a supremacia quântica, o momento em que esses sistemas superam os computadores tradicionais em tarefas específicas, segundo reportagem da CNBC.
Startups do setor receberam cerca de US$ 2 bilhões em investimentos só em 2024, de acordo com dados da McKinsey, embora a receita anual do mercado tenha ficado abaixo de US$ 750 milhões. Ainda assim, o otimismo segue. Microsoft lançou seu primeiro chip quântico, o Majorana 1; o Google aposta que a tecnologia se tornará útil em até cinco anos; e Amazon e IBM também anunciaram progressos importantes.
As empresas acreditam que a computação quântica pode revolucionar áreas como química, ciência de materiais, descoberta de medicamentos e, futuramente, até a viabilização da fusão nuclear. Mas, por ora, a maioria das aplicações está restrita à pesquisa acadêmica e à simulação de fenômenos físicos.
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Segurança, criptografia e o temor do “Q-Day”
Apesar dos avanços, um dos usos mais tangíveis (e preocupantes) da computação quântica está na área de segurança. Um computador quântico suficientemente potente poderá quebrar os algoritmos de criptografia que hoje protegem transações financeiras, comunicações privadas e sistemas militares.
Como lembra a publicação, o medo do chamado “Q-Day”, o dia em que essas máquinas forem capazes de decifrar códigos criptografados atuais — levou o governo dos EUA a emitir alertas e priorizar a migração para métodos de criptografia pós-quânticos. Apple, por exemplo, já começou a adotar essas tecnologias em seus serviços.
Além disso, o risco de uma corrida geopolítica é real. Em abril, o presidente da Microsoft, Brad Smith, alertou que os EUA não podem descartar a possibilidade de uma “surpresa estratégica” vinda da China. O Pentágono reforçou essa preocupação em 2021, afirmando que a computação quântica, se usada por adversários, poderia comprometer os sistemas de segurança nacional.
Quão longe estamos de um computador quântico funcional?
Apesar do entusiasmo, especialistas, como o CEO da Nvidia, Jensen Huang, apontam que uma máquina realmente útil pode demorar 15 a 20 anos para se tornar realidade. Os atuais chips quânticos operam com um número ainda limitado de qubits, 105 no novo chip Willow do Google, 8 no Majorana da Microsoft e 14 no Ocelot da Amazon. Para alcançar aplicações práticas em larga escala, será preciso atingir cerca de 1 milhão de qubits.
O desafio técnico central é o controle de erros: os qubits, elementos fundamentais desses sistemas, são extremamente instáveis. No entanto, empresas como a Microsoft já anunciaram reduções significativas na taxa de erro, o que alimenta a confiança de que um computador quântico confiável é uma questão de “quando”, e não “se”.
Enquanto isso, o setor segue oscilando entre grandes anúncios e expectativas contidas, como quando uma fala de Huang fez ações de empresas quânticas despencarem. Mesmo assim, o consenso entre os especialistas é que, se dominada, a computação quântica será uma das transformações tecnológicas mais profundas do século.
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