Confira sugestões de vinhos Riesling produzidos fora dos solos germânicos

Os vinhos brancos obtidos a partir da vinificação da Riesling, uma das variedades brancas mais nobres e versáteis do mundo, são os meus brancos preferidos, claro que dentro dos critérios de subjetividade que todos nós possuímos e que são mais que legítimos na hora de eleger nossas preferências. Esta casta é conhecida por sua capacidade de expressar o terroir e ofertar vinhos que variam de secos e minerais a doces e intensamente aromáticos. Embora sua origem esteja na Europa Central, a Riesling encontrou novos lares em diversos países fora da França, onde também se destaca pela qualidade e singularidade dos vinhos produzidos.
A Riesling é originária da região do Reno, na Alemanha, com registros históricos que remontam ao século XV. Estudos indicam que ela surgiu do cruzamento de uma variedade levada pelos romanos às margens do Reno com uma variedade selvagem local. É uma uva de maturação tardia, com cachos pequenos e compactos. Seus vinhos, como dito acima, são conhecidos por serem muito aromáticos, com notas florais, frescor e sabores cítricos. A acidez é bem marcada e o álcool relativamente baixo, podendo apresentar uma certa doçura e, com mais extração, elementos minerais.
Ela adapta-se bem a climas frios e solos com boa drenagem, sendo idealmente cultivada em encostas bem orientadas para maximizar a exposição solar. O amadurecimento lento é crucial para o desenvolvimento de seus aromas complexos. Durante a vinificação, é comum evitar o uso de barris de carvalho para preservar seus aromas primários. Além disso, a Riesling é suscetível à “podridão nobre” (Botrytis Cinerea), que pode concentrar os açúcares e resultar em vinhos doces e complexos, como os de colheita tardia.
A Riesling é muito cultivada fora de sua região de origem. Na Itália, destaca-se a variedade conhecida como Riesling Itálico, cultivada principalmente no norte do país. Essa uva é utilizada na produção de vinhos brancos e espumantes, apresentando aromas delicados de frutas como pêssego, maçã e pera, além de notas florais. Os vinhos têm acidez equilibrada e teor alcoólico médio, sendo leves e sutis. Nos Estados Unidos, a Riesling é amplamente cultivada em regiões como o Estado de Washington e Finger Lakes, em Nova York; os vinhos variam de secos a doces, com alta acidez e sabores de maçã verde, pêssego, damasco e notas florais.
A Nova Zelândia produz Rieslings caracterizados por frutas bastante expressivas, sendo vinhos fáceis de beber e com notas frutadas intensas. Na Austrália, especialmente nas regiões de Clare Valley e Eden Valley, os Rieslings são secos e intensos, com alta acidez e sabores de limão, lima, maçã verde e notas minerais. Frequentemente, apresentam uma textura seca e nítida, com caráter floral marcante. Na Argentina, a Riesling é cultivada desde Mendoza até a Patagônia, incluindo as províncias de Neuquén, Río Negro e Chubut; essas regiões, com altitudes elevadas e clima frio, proporcionam condições ideais para a produção de vinhos Riesling de alta qualidade.
No Uruguai, a Riesling é cultivada nos cerros de Pan de Azúcar, Maldonado, em solos pedregosos. A vinificação inclui seleção manual das uvas, prensagem direta sem desengace e fermentação em tanques de aço a 18°C, resultando em vinhos de excelente qualidade. Por fim, no Brasil, a Riesling, bem como a variedade italiana Riesling Itálico, é cultivada principalmente na Serra Gaúcha, sendo uma das principais uvas brancas finas da região; os vinhos apresentam aroma sutil e típico, com acidez equilibrada e teor alcoólico médio, sendo utilizados tanto como vinhos varietais quanto na elaboração de espumantes.
Algumas sugestões de vinhos desta uva, fora das suas regiões de origem. Da Itália sugiro o Peter Zemmer Branco Riesling, com delicada acidez e persistência a toda prova. Os Estados Unidos oferece Rieslings especialmente estruturados e gastronômicos, indico o Chateau Ste Michelle Dry Riesling, que é seco e refrescante.
Já a Nova Zelândia nos surpreende com o Saint Clair Marlborough Sun Riesling e a Austrália com o Kilikanoon Riesling Mort’s Block, ambos secos, minerais e com retro gosto marcantemente doce. O Dona Paula Estate Riesling, da Argentina, apresenta aroma de frutas cítricas, especiarias e notas minerais no paladar, sendo muito bem estruturado e gastronômico. Lá do Uruguai o Bouza Pan de Azúcar Riesling, se mostra um belíssimo vinho para frutos do mar.
Do Brasil vou sugerir três vinhos, a começar pelo Miolo Single Vineyard Riesling Johannisberg I.P., que é um vinho jovem, muito agradável, vívida estrutura ácida, e que vai muito bem com peixes, aves e, até, uma boa sopa de cebola; também vale a pena conhecer o Terraças Noar Riesling, que segue muito bem com a culinária oriental, coreana e chinesa; por fim o Aurora Pinto Bandeira Riesling Italico, é de excelente custo benefício e ótimo para o dia a dia.
A uva Riesling, com sua versatilidade e capacidade de expressar o terroir, continua a encantar apreciadores de vinho ao redor do mundo, adaptando-se a diversas regiões e produzindo vinhos de estilos variados, desde secos e minerais até doces e aromáticos, como dito, e que merecem a atenção e a curiosidade dos entusiastas de vinhos com viés multifacetado de cor, sabor e longevidade. Salut!!!