Conheça tendências para o agro da China em 10 anos

A China, principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro, é foco de atenção especialmente quando se trata das tendências no mercado agrícola que podem impactar o comércio. De olho na próxima década, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil divulgou o Outlook 2023-2032, com previsões para os próximos anos. Entre as macrotendências apontadas, chamam a atenção: (1) Foco da China em modernizar a agricultura e áreas rurais do país; (2) Redução das importações agrícolas fruto do ganho de autossuficiência agrícola; (3) Aumento de demanda por ração animal.
1) Foco da China em modernizar a agricultura e áreas rurais do país
Está previsto o desenvolvimento de 103 milhões de hectares de terras agrícolas de alto padrão, o que é superior à área total plantada com grãos no Brasil (cerca de 80 milhões de hectares). Além disso, a estimativa é investir em 7,33 milhões de hectares de áreas de irrigação de alta eficiência. Até 2032, espera-se que a área cultivada de grãos seja expandida para 120 milhões de hectares.
2) Redução das importações agrícolas com aumento da autossuficiência agrícola
Em 2032, estima-se que a importação de milho da China vá cair para menos de 7 milhões de toneladas, ante 20,62 milhões em 2022. A importação de soja deve diminuir para 83,56 milhões de toneladas, ante 91,08 milhões de toneladas em 2022. Em 10 anos, a produção total de grãos é estimada em 767 milhões de toneladas, ante 687 milhões de toneladas em 2022. O incremento deverá ser puxado por taxa de crescimento anual de área semeada de 0,3% e 0,9% na capacidade de produtividade por hectare.
3) Aumento de demanda por ração animal
Entre 2023 e 2032, o crescimento do consumo de grãos será impulsionado principalmente pela demanda de rações para a produção animal. Durante o período de 10 anos, o consumo de grãos aumentará 0,6% por ano. O consumo total em 2032 deve chegar a 867 milhões de toneladas. A taxa de autossuficiência de grãos da China aumentará para 88,4%. Em geral, a escala de comércio de grãos cairá, com o volume de 122 milhões de toneladas de importação, em 2032. Com políticas de incentivo ao agro, a China tem buscado a consolidação da segurança alimentar. Se o plano der certo, há potencial de impacto no comércio agrícola sino-brasileiro. Bom ficarmos atentos às metas chinesas e ao atingimento delas ano a ano. Isso pode nos indicar se a estratégia de aumento da autossuficiência estará mesmo funcionando.