Convívio com cães pode contribuir com desenvolvimento de crianças autistas, aponta pesquisa

Uma pesquisa da Montreal University, no Canadá, mostrou que o convívio com cães tem impacto sobre os níveis do hormônio do estresse em crianças que vivem com algum espectro de autismo. O nível de estresse foi monitorado em 42 pessoas que participaram do estudo, sendo antes, durante e depois do convívio com um cachorro. Os pais das crianças apontaram, em média, 33 comportamentos problemáticos nas crianças antes da presença do animal e, depois de brincarem com o bichinho, o número caiu para 25. Uma escola na zona leste da capital paulista comprova os bons resultados de ter um animalzinho na instituição. A cachorra Adela está no colégio há três anos e é a sensação entre 140 crianças que estudam no lugar, mesmo as que não vivem com nenhum espectro de autismo. Vanessa Fernandes é pedagoga há mais de 20 anos e trabalha na escola há 15 anos. Mãe do Brian, de 8 anos, recebeu o diagnóstico de autismo do filho há quatro anos. Ela conta que o período de investigação, com muitas consultas, até descobrir o transtorno, foi difícil. Convivendo com os colegas na escola, fazendo as terapias e na companhia da cachorra Adela, Vanessa fala de uma melhora no desenvolvimento motor do filho Brian. “Com a Adela, ele se sente mais confiável, ele está sempre do lado dela. Ele gosta de ficar só com ela. Quando a Adela está com todas as crianças, ele fica de longe, mas quando ele está dando atenção a ele, ele se sente superbem. É muito bom para as crianças, principalmente para as crianças autistas”, diz.

O órgão americano Center of Diseases Control and Prevention aponta que existe um caso de autismo para cada 110 pessoas no mundo. Tomando esse levantamento como base, o Brasil tem, portanto, cerca de 2 milhões de pessoas com a condição. Por isso, é cada vez mais importante abordar a inclusão das crianças autistas nas escolas. O diretor da escola, Kevin Sorger, adotou a Adela quando morava nos Estados Unidos. Na época, ele passava por uma depressão e ela foi um grande apoio. Depois, já no Brasil, ele decidiu trazer o bichinho para a escola e tem percebido as mudanças no comportamento das crianças. “Tem gente que fala ‘meu filho tem medo’. Aí dava um dia, e eu mandava um vídeo do filho brincando com a Adela, abraçando, se jogando, pegando, enfiando a mão na boca, e ela com essa cara de bobona dela, que é como ela fica, aí os pais já começaram a entender, a dizer ‘então é outra coisa, tem um motivo por trás’. Depois disso, os pais começaram a me agradecer, começaram a amar a presença dela aqui”, conta.

*Com informações da repórter Camila Yunes