De risco de 3ª Guerra Mundial à morte da rainha: relembre o que foi notícia no mundo em 2022

O ano de 2022 mostrou seus desafios logo no segundo mês, quando Vladimir Putin iniciou uma invasão à Ucrânia no dia 24 de fevereiro e começou um conflito no Leste Europeu, desencadeando uma guerra que já passa dos dez meses. Como resultado dessa decisão, que era classificada pelo russo como ‘operação especial’, mas que foi chamada de ‘guerra’ pela primeira vez no último dia 23, o mundo se viu diante de alguns problemas, como insegurança alimentar, alta da inflação, aumento no fluxo de refugiados e crise energética. Contudo, apesar de ainda ser uma pauta recorrente, não é a única que tomou conta dos noticiários. A instabilidade política no Reino Unido, que ocasionou na renúncia de dois premiês britânicos, foi assunto durante quatro meses seguidos. Esse desgaste, acompanhando da morte da rainha Elizabeth II e do anúncio do novo rei, Charles III, fez o país ganhar a atenção mundial. Os problemas políticos não foram presentes apenas na Europa, que viu a extrema-direita ganhar força – na Itália, Giorgia Meloni foi a primeira mulher a ser eleita primeira-ministra. Na França, apesar da derrota para Emmanuel Macron, Marine Le Pen, da extrema-direita, recebeu 41,45% dos votos. A América Latina também encarou desafios com a destituição de Pedro Castillo do poder no Peru e a eleição do primeiro governante de esquerda na Colômbia. Em 2022, outro assunto que alertou o mundo sobre as preocupações com o futuro foram as mudanças climáticas, que mostraram o risco que a humanidade corre se não adotarem medidas logo. Incêndios florestais, altas temperaturas na Europa, Estados Unidos e China, e fortes chuvas e alagamentos no Brasil, Austrália, Índia e Paquistão deixaram centenas de pessoas mortas. Relembre os acontecimentos que tomaram conta do noticiário durante todo o ano.

Guerra na Ucrânia

enterro coletivo

Caixões com os restos mortais de vinte e cinco soldados ucranianos que lutaram na guerra contra a Rússia │EFE/Manuel Bruque

O aumento da tensão entre Rússia e Ucrânia no final de 2021 já dava sinais do que estava por vir. Foi então que em 24 de fevereiro, Vladimir Putin lançou uma ‘operação militar’ contra a Ucrânia. O conflito já deixou cerca de 240 mil mortos, sendo 313 crianças, segundo dados do general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e aproximadamente oito milhões de refugiados, de acordo com dados da ACNUR, sendo o conflito com maior fluxo de refugiados na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial. Apesar de estar acontecendo em apenas dois países da Europa, o conflito surtiu efeito no mundo inteiro, com alta da inflação, crise energética e insegurança alimentar. A invasão russa da Ucrânia provocou um aumento dos preços da energia e dos alimentos. O índice de preços dos alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) atingiu em março um recorde histórico, assim como o preço europeu do gás. Isso se traduziu em um aumento da inflação ao longo do ano, com avanço de 10,6% em ritmo anual em outubro na zona do euro, a maior alta desde o início da série histórica de estatísticas europeias em 1997.

Atualmente, não se pode dizer quem está vencendo a guerra, pois ambos os lados estão atacando e se defendendo, entretanto, a Rússia tem feito centenas de atentados de retaliação à rede de energia da Ucrânia, deixando milhões de ucranianos no escuro às vésperas do inverno. Essa é sua principal estratégia no momento. A preocupação com o inverno não atormenta apenas os ucranianos. Os europeus, dependentes do gás russo, foram obrigados a pensar em uma forma de abastecer seus moradores, visto que o continente ficou mergulhado em uma profunda crise energética após Moscou responder às sanções ocidentais dificultando o acesso ao gás. “A economia mundial está sofrendo a mais grave crise energética desde os anos 1970”, observa a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Fenômenos climáticos extremos

Floresta queima na França

Onda de calor já provocou a morte de mais de 1.000 europeus nesse verão │EFE/EPA/SDIS 33

O mundo inteiro sofreu com as mudanças climáticas esse ano. Brasil, Paquistão, Índia e Austrália foram países fortemente atingidos pelas chuvas que causaram enchentes e mataram várias pessoas. Já a Europa, Estados Unidos e China sofreram com as altas temperaturas. No Paquistão, devido a chuvas de monções de proporções anormais, mais de 1.700 pessoas morreram e oito milhões precisaram se deslocar. Um terço do país se vê inundado. Já no Reino Unido, os termômetros bateram recorde e marcaram 40º. As pistas do aeroporto de Londres ficaram derretidas e as operações, assim como os transportes públicos, foram paralisadas. Ao todo, foram 15 mil mortos em todo o território europeu devido às ondas de calor. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que nos próximos 28 anos deve ter um aumento de 30% nos casos de incêndios florestais. Na Itália, a onda de calor se espalhou por toda a península e 16 cidades, incluindo Roma, emitiram um alerta vermelho diante dos picos de temperatura de 40 graus e do aumento dos incêndios. As geleiras dos Alpes sofrem, por sua vez, uma perda de massa histórica. As altas temperaturas também intensificaram as queimadas provocadas pelos incêndios incontroláveis na Península Ibérica, que foram mais extensos, com mais de 600 mil hectares destruídos. Em todo o mundo, as emissões de CO2 de origem fóssil nunca foram tão altas como em 2022. Segundo o Met Office, a probabilidade de haver calor extremo na Europa aumentou em dez vezes por causa das mudanças climáticas. Se as projeções para este ano se confirmarem, os oito anos de 2015 a 2022 serão os mais quentes já registrados, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Mudanças nos EUA: aborto, armas e controle da Câmara dos Representantes

manifestante aborto nos eua

Permissão do aborto estava em vigor desde 1973 após o caso ‘Roe contra Wade’│OLIVIER DOULIERY / AFP

Os Estados Unidos surpreenderam o mundo neste ano com alteração em dois decretos que há anos se fazem presentes no país. O primeiro deles foi o fim do direito ao aborto, uma permissão que estava em vigor desde 1973 após o caso “Roe contra Wade”. A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos devolveu a cada estado da União o poder de proibir o aborto em seu território. Depois dessa mudança, cerca de 20 estados proíbem totalmente ou limitam seriamente o direito ao aborto. Outra pauta presente foi o acesso à compra de armas. Com os recorrentes ataques a tiros nos EUA – foram mais de 600 tiroteios em massa, segundo o The Gun Violence Archive – o país passou a viver um ‘terrorismo interno’. Pensando em reduzir os ataques, o líder norte-americano Joe Biden restringiu a compra de armas. A lei assinada por ele visa estabelecer a regulamentação das armas de fogo, a mais importante em quase 30 anos.

“Embora essa lei não cubra tudo o que eu quero, ela inclui medidas que venho pedindo há muito tempo e que salvarão vidas”, disse o democrata na Casa Branca. Ambos os temas foram pautas nas campanhas das midterms, eleição de meio de mantado, cujo resultado de 2022 devolveu o poder da Casa dos Representantes para os republicanos. Porém, apesar dessa conquista para o partido de Donald Trump, os resultados não foram tão favoráveis, visto que eles tinham em mente a conquista do Senado e a implantação de uma ‘onda vermelha’ no país, mas não geraram a onda conservadora que os simpatizantes do ex-presidente Donald Trump esperavam. Apesar de tudo, Trump anunciou sua candidatura à eleição presidencial de 2024. A disputa pela indicação dos republicanos deve ser dura, em particular com o governador da Flórida, Ron DeSantis, como uma nova estrela da direita americana.

Instabilidade política no Reino Unido

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Boris Johnson e Liz Truss renunciaram ao cargo de premiê britânico │TOBY MELVILLE / POOL / AFP

Desde que saiu do Brexit em 2016, o Reino Unido teve cinco premiês, sendo que dois deles renunciaram ao cargo. Boris Johnson, renunciou em julho após uma série de escândalos que abalaram seu governo. Para o lugar dele, Liz Truss venceu a disputa contra Rishi Sunak e foi nomeada para o cargo em 6 de setembro pela rainha Elizabteh II. Primeira-ministra mais efêmera da história moderna do país, Truss durou apenas 45 dias no cargo. Sua renúncia veio após uma crise política e financeira provocada pelo seu programa econômico. Com o cargo vago, uma nova busca por um premiê começou, e com a desistência dos adversários, Rishi Sunak chegou ao poder no final de outubro, em um período de instabilidade sem precedentes no Reino Unido. O ex-banqueiro e ministro das Finanças de 42 anos enfrenta desafios gigantescos, como uma inflação de 10%, a mais alta em 40 anos, greves pelo aumento do custo de vida e um sistema de saúde pública em crise. A população já tem cobrado por medidas. Em dezembro, as enfermeiras anunciaram dois dias de paralisação em busca de aumento salarial. Foi a primeira vez em mais de 106 anos que isso aconteceu. Os ferroviários também pararam. Para tentar combater a inflação, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevou suas taxas de juros para 3,5%, o nível mais alto em 14 anos. “Embora não haja dúvida de que a atividade econômica está enfraquecendo, há indícios de que ela é mais resistente do que o esperado, e não está claro com que rapidez o mercado de trabalho vai relaxar”, disse o banco inglês. Tanto o BoE quanto o governo acreditam que a economia do Reino Unido entrou em uma recessão que deve durar todo o próximo ano.

Tensão entre China e Estados Unidos

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Nancy Pelosi desembarca em Taiwan em meio a tensões entre EUA e China │Ministério das Relações Exteriores de Taiwan/Divulgação via REUTERS

A tensão entre China e Estados Unidos, que não é de hoje, ganhou mais um episódio em 2022 após a ida de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Representantes, a Taiwan. Apesar dos avisos chineses para que ela não realizasse essa viagem devido às consequências, Pelosi desembarcou na ilha no início de agosto. A visita irritou os chineses, que consideram Taiwan parte de seu território e querem reintegrá-la de qualquer forma, até mesmo com o uso da força. A viagem de Pelosi deu início a mais um capítulo da ‘Guerra Fria 2.0’ e fez os chineses realizarem manobras militares em torno da ilha e, pela primeira vez, mísseis sobrevoaram as dependências da nação autônoma. O atrito da norte-americana com a China não é recente. Ao longo de sua carreira, Pelosi não perdeu a oportunidade de repreender Pequim pelo que considera um histórico sombrio em matéria de direitos humanos e democracia.

Morte da rainha Elizabeth II

Rainha Elizabeth II se preparando para receber a nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss

Rainha Elizabeth II fez sua última aparição em público no dia 6 de setembro para aprovar Liz Truss como primeira-ministra britânica │Jane Barlow / POOL / AFP

No dia 8 de setembro, a morte de rainha Elizabeth II aos 96 anos tomou conta do noticiário. Logo pela manhã, no horário de Brasília, os médicos informaram que a monarca estava sob seus cuidados e que a família real havia sido chamada. A morte foi confirmada horas depois. Segundo o obituário assinado por sua filha, princesa Anne, a causa da morte foi velhice. A rainha se despediu de seus súditos no mesmo ano em que atingiu uma meta histórica: ser a monarca que mais tempo ficou à frente do trono britânico e comemorar o Jubileu de Platina em junho. A saúde de Elizabeth II já mostrava estar debilitada desde 2021, quando ela precisou passar uma noite internada. As razões por trás da internação nunca foram reveladas. Desde então, ela havia reduzido consideravelmente sua agenda, com aparições em público cada vez mais raras e sendo vista caminhando com dificuldade, com o auxílio de uma bengala. Sua última aparição pública foi no dia 6 de setembro, quando formalizou Liz Truss como primeira-ministra. Seu velório, considerado o funeral do século, durou 11 dias. Estima-se que 4,1 bilhões de pessoas tenham acompanhado a cerimônia de despedida da rainha pela televisão ou pelas redes sociais no mundo todo. Com sua morte, príncipe Charles, seu primogênito, tornou-se automaticamente rei, adotando o nome de Charles III. Contudo, sua coroação só será realizada em 6 maio de 2023.

Manifestações em prol do direito das mulheres no Irã

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Um jornal mostra a imagem de Mahsa Amini, jovem que morta sob custódia policial no Irã │Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS/Arquivo

Desde o dia 16 de setembro, centenas de iranianos estão manifestando em prol dos direito das mulheres. Os protestos, apontados como os maiores desde a Revolução Islâmica de 1979, começaram após a confirmação da morte de Mahsa Amini, uma jovem curdo-iraniana de 22 anos que foi levada pela polícia da moral por usar trajes considerados inadequados. O hijab (véu) é um tema muito delicado na República Islâmica. De um lado estão os conservadores, que defendem a lei de 1983, quando o aiatolá Khomeini tornou obrigatório o uso do véu, uma vestimenta que declarou ser “a bandeira da revolução” e sem a qual as mulheres ficavam “nuas”. Do outro, os progressistas, que desejam que as mulheres tenham a liberdade de decidir se usam a peça ou não. Várias cidades do Irã, incluindo a capital, aderiram aos protestos, que também puderam ser vistos em outras partes do mundo. A conversa entre manifestantes e governo não chegou a acontecer, porém, no começo de dezembro, o procurador-geral deu um passo em direção à população e anunciou a dissolução da polícia da moral. Um dia depois, os comércios de pelo menos 19 cidades amanheceram com as portas fechadas em apoio às greves convocadas. Ao mesmo tempo em que essa informação foi passada, também começaram as execuções dos manifestantes que haviam sido presos. De acordo com a ONG Iran Human Rights (IHR), 458 pessoas morreram na repressão às manifestações e pelo menos 14 mil pessoas foram detidas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Mas as autoridades iranianas falam que cerca de 400 pessoas já morreram e pelo menos duas mil foram acusadas de vários crimes por participarem das mobilizações, das quais seis pessoas foram condenadas à morte, sendo um deles Amir Nasr-Azadani, um jogador de futebol iraniano que se manifestou a favor das mulheres.

Terceiro mandato histórico de Xi Jinping e fim da política de ‘covid zero’

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Manifestantes chineses pedem a renúncia de Xi Jinping │ EFE/EPA/ATHIT PERAWONGMETHA / POOL

A China viu Xi Jinping chegar a uma conquista histórica: o terceiro mandato de um governante. O líder chinês vai ficar à frente do Partido Comunista da China (PCC) por mais cinco anos e, com isso, ganha força para as eleições presidenciais de 2023. O resultado o torna o líder mais poderoso desde Mao Tse-Tung, que ficou no poder de 1949 até 1959. No comando da China por uma década, Xi demonstrou grande desejo de controle, intrometendo-se em quase todos os mecanismos do Estado. No caminho, recebeu críticas internacionais por seu balanço na política de direitos humanos. Ao mesmo tempo, mantém uma rivalidade exacerbada com os Estados Unidos. Contudo, apesar da reeleição, Xi Jinping também viu diante de si um cenário incomum: manifestações contra o seu governo. Cansados da política de ‘covid zero’, que tem impactado a economia do país e o desenvolvimento, os chineses tomaram as ruas de várias cidades pedindo por mudanças e a renúncia do líder. Para combater os manifestantes, a polícia utilizou a força, mas os pedidos da população foram ouvidos e a rígida política foi flexibilizada, acabando com a obrigatoriedade da realização de teste de Covid-19 no uso do transporte público e a não necessidade de testagem diária. Porém, todas essas medidas foram adotadas em um momento em que a China passa por um aumento de casos de Covid-19 e que Pequim enfrenta a pior onda desde o começo da pandemia, com médicos fazendo constantes alertas sobre os riscos que a população corre.

Mundo chegando a 8 bilhões de pessoas

população mundial

Mundo deve chegar a 9 bilhões de habitantes por volta de 2037 │Pixabay/ Vania dos Santos vvaniasantoss

Confirmando as previsões, o mundo atingiu em 15 de novembro de 2022 uma marca histórica: 8 bilhões de habitantes, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre os fatores que contribuíram para o crescimento populacional estão: melhorias no saneamento, melhor acesso à água potável e o desenvolvimento de vacinas. No entanto, a desigualdade segue sendo uma ameaça, segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”, alertou. Segundo Guterres, as populações mais pobres são as mais afetadas pela crise climática. As novas previsões apontam que o planeta deve chegar aos 9 bilhões de habitantes por volta de 2037. Visto o rápido crescimento, a ONU reforçou a necessidade de um investimento maior em recursos visando atender demandas crescentes da população.

Caos na política latino-americana: Cristina Kirchner condenada e Pedro Castillo preso

argentina e peru

Cristina Kirchner foi condenada por corrupção e Pedro Castillo foi preso por tentativa de ‘autogolpe’ │YouTube channel of Cristina Fernandez de Kirchner / AFP e Peruvian Presidency / AFP

Enquanto a Colômbia elegeu pela primeira vez um presidente de esquerda, e o Brasil viu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltar ao poder, após derrotar Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, Argentina e Peru enfrentaram problemas políticos. A vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, que comandou o país de 2007 a 2015, foi condenada a seis anos de prisão sob acusação de ter sido chefe de uma organização criminosa para desviar dinheiro do Estado quando estava no comando do país. Ela nega as acusações e diz que está sendo vítima de perseguição política. “Me condenam porque condenam o modelo do desenvolvimento econômico e do reconhecimento dos direitos do público. É isso que querem. Me ver presa ou morta”, declarou. Neste ano, a vice de Alberto Fernandez foi vítima de um atentado cometido por um brasileiro quando chegava em sua casa. O homem, que foi detido pela polícia argentina, apontou uma arma na cara de Cristina e chegou a apertar o gatilho, mas o revólver não disparou. Além dos ‘hermanos’, os peruanos também enfrentaram uma situação complicada no fim de 2022. Pedro Castillo, presidente do Peru eleito em 2021, foi destituído do cargo após uma tentativa de ‘autogolpe’, no mesmo dia em que anunciou a dissolução o Congresso e colocou o país em estado de exceção. Desde sua saída, centenas de manifestantes tomaram as ruas pedindo eleições gerais imediatas e a soltura de Castillo, que foi preso pela polícia local e condenado a 18 meses de prisão preventiva. A atual líder peruana, Dina Boluarte, que também é a primeira mulher assumir o cargo, não tem o apoio da população para ficar à frente do cargo e tenta adiantar as eleições previstas para 2026. Para conter os protestos, ela decretou estado de emergência no Peru por um período de 30 dias, válido até 14 de janeiro.