Densidade de estações 5G é insuficiente nas capitais, alerta estudo

Torres estações 5G

Um estudo baseado em dados da Anatel e em modelo de demanda da União Internacional de Telecomunicações (ITU) estima que o Brasil precisará ampliar em pelo menos 35% o número de estações radiobase (ERBs) com tecnologia 5G nos próximos cinco anos. A projeção considera uma evolução conservadora da demanda de tráfego móvel e foi realizada com base em dez capitais brasileiras representativas de todas as regiões do país. Considera, ainda, que as empresas já atenderam as obrigações do leilão 5G nestas cidades.

Segundo o levantamento, mesmo com os atuais altos investimentos setoriais, a infraestrutura instalada é insuficiente: seria necessário um aumento de cerca de 23% no número de ERBs 5G nas capitais para atender à demanda, o que torna inevitável a existência de mais políticas públicas que favoreçam a expansão da rede.

A comparação foi feita entre os dados reais e os mínimos recomendados pelo ITU Toolbox. A capital com maior diferença percentual é Goiânia, com um déficit de 70%. Curitiba (50%), Porto Alegre (37%) e Brasília (33%) também exigiriam expansão significativa da infraestrutura. Apenas o Rio de Janeiro estaria com mais estações do que o mínimo projetado pela metodologia, como se vê na tabela abaixo:

Além da quantidade total de ERBs, o estudo ressalta a necessidade de densificação da rede para garantir qualidade de serviço e capacidade de atendimento ao longos dos próximos cinco anos. Mesmo São Paulo, que lidera em número absoluto de ERBs, precisaria aumentar em 95% sua densidade de estações para atingir o patamar ideal. Em média, as capitais analisadas precisarão de mais 39% estações até o fim de 2029. Confira abaixo a tabela:

O estudo enfatiza que a cobertura não pode ser guiada apenas pela relação entre estações 5G e população. É preciso considerar também o atendimento de vilas, aglomerados rurais, áreas urbanas isoladas e, principalmente, rodovias. A análise mostra que 31% das rodovias federais e estaduais pavimentadas não possuem cobertura móvel e sequer há previsão de atendimento. Somente essa demanda exigiria mais de 2 mil novas ERBs. Se considerados também os trechos municipais, a necessidade poderia chegar a dezenas de milhares de novas estações.

Propostas para acelerar o adensamento da infraestrutura

Para enfrentar esse desafio, o estudo propõe um conjunto de medidas para estimular o adensamento de ERBs. Entre as estratégias sugeridas estão:

  • Simplificação do licenciamento de infraestruturas;
  • Redução de taxas municipais e uso de recursos do FUST;
  • Parcerias público-privadas em âmbito estadual;
  • Inclusão de metas de adensamento nos futuros leilões de espectro promovidos pela Anatel.

As propostas visam a criação de um ambiente regulatório e financeiro mais favorável à expansão da infraestrutura, promovendo um ciclo virtuoso de investimento e inclusão digital.

Quem fez o levantamento

O estudo “Expansão da Cobertura Móvel no Brasil” foi elaborado por Agostinho Linhares e Leonardo de Morais, do Instituto Ipê Digital, com base em dados públicos da Anatel referentes ao período de dezembro de 2023 a dezembro de 2024. O IPE Digital é uma Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação privada – ICT privada (sem fins-lucrativos). A elaboração da pesquisa foi sugerida por um dos associados, a Abrintel, entidade que representa operadores de infraestrutura passiva no país.

A estimativa de necessidades futuras por estações 5G foi realizada com base no ICT Infrastructure Business Planning Toolkit – 5G Networks, ferramenta da ITU que permite estimar a demanda de infraestrutura a partir de dados reais de população, tráfego e qualidade esperada de serviço. Foram analisadas dez capitais brasileiras, com base em cenários de tráfego de pico e crescimento projetado da demanda até 2029.

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